Focos de incêndios no Rio avançam 160% neste ano
Número de ocorrências este ano (705) é a 2ª maior da série histórica
Por Marcello Sigwalt
A reboque do que ocorre, no momento, em grande parte do país, o número de casos de incêndios (provocados ou não), registrou alta de 160%, de janeiro a agosto deste ano, ante igual período de 2023, quando avançou de 271 para 705 ocorrências. Trata-se do maior nível dos últimos 18 anos, apontam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe).
A marca incendiária deste ano só não foi maior do que a registrada em 2006, que exibiu o maior índice da série histórica, 886 ocorrências. A mais recente foi protagonizada nessa segunda-feira (2), em que um grupamento do Corpo de Bombeiros combateu um foco no bairro da Urca, na Zona Sul. Em paralelo, incêndios interditaram a BR-116 nos dois sentidos, nesse início de semana. Ao todo, foram contabilizados 240 focos de queimadas no Rio de Janeiro no mês passado, em contraste com 95 casos, em agosto de 2023.
Na avaliação do coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg) e do MapBiomas, Tasso Azevedo, "a prática do uso do fogo em pastagens, para a renovação de pastagens, ainda está presente em alguns pontos do Estado do Rio de Janeiro. E é comum fazer isso nos meses de maio e junho, mas estes foram excepcionalmente secos. Então, se você faz essa prática em um mês assim, o fogo se alastra muito fácil", destacou
Sinistro cultural - Esse início de setembro também marca o sinistro da memória cultural do país, quando, em 2 de setembro de 2018, um incêndio (criminoso?) consumiu pelas chamas 85% do acervo de 20 milhões de itens do Museu Nacional, em São Cristóvão (Zona Norte), tragédia que foi potencializada pelo fato de os hidrantes do local não possuírem agua, atrasando em 40 minutos o combate efetivo às chamas. O então comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Roberto Robadey Costa Júnior, teve que usar carros-pipa para retirar água do lago da Quinta.
Com previsão de reabertura ao público daqui a dois anos, o Museu Nacional só conta, até agora, com a recuperação, há dois anos, da fachada do prédio histórico e do jardim frontal.
Em restauração, estão: a escadaria principal e a montagem da claraboia, onde ficará suspensa uma ossada de baleia cachalote, encontrada em 2020, no norte do Ceará.
Após três anos de retirada de escombros e contenção da estrutura, e atrasos pela pandemia, a fase de reconstrução só foi iniciada em novembro de 2021, quando o orçamento para a recuperação foi avaliado em R$ 380 milhões - R$ 254 milhões já gastos na 1ª fase de obras.