Praia de Botafogo é a quarta mais poluída, aponta pesquisa
'Raio X dos resíduos na costa brasileira', é da ONG Sea Shepherd Brasil
Por Marcello Sigwalt
Quarta maior concentração de microplásticos do país, a Praia de Botafogo, outrora, um dos destinos preferenciais de turistas, se tornou depósito de detritos, entulho e 'lar' preferido de urubus. É o que aponta pesquisa "Raio-X dos resíduos na costa brasileira", realizada pela ONG Sea Shepherd Brasil, em parceria com o Instituto Oceanográfico da USP, que identificou a presença de 55 partículas por metro quadrado na área, índice de poluição considerado elevadíssimo por especialistas.
No total, o estudo abrangeu análise de 306 praias, das quais, em apenas dez não foram encontrados os microplásticos, como no Farol de São Tomé (Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense), e a Praia das Pedrinhas (São Gonçalo, Região Metropolitana), mesmo que banhada pela Baía de Guanabara.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores fizeram uma coleta em 12 quadrados de 0,25 m², espalhados pelas respectivas áreas de estudo, mediante o uso de peneiras de malhas específicas e água. Em seguida, já em laboratórios, os resíduos de microplásticos foram organizados por cor, forma e tamanho, de maneira a identificar sua origem. Ao todo, foram contabilizados 16 mil.
De acordo com o texto do relatório, "ao analisarmos a presença de macroplásticos nas praias, como garrafas e sacolas, observamos que, em geral, também encontramos mais microplásticos nestes locais", ao acrescentar que as partículas derivadas dos resíduos considerados maiores são identificadas como fragmentos, e 72% dos microplásticos encontrados nas praias foram classificados desta forma.
Já o restante analisado, avaliaram os pesquisadores, 13% provém do isopor, associados a embalagens descartáveis, 10% de pellets, amplamente utilizados nas áreas de manufatura ou transporte industrial, 2% de filmes e 1,5% de filamentos.
Pelos danos graves à vida marinha, a poluição por microplásticos é uma preocupação crescente das entidades protetoras do meio ambiente, pois essas substâncias contaminantes estão presentes em resíduos, como o BPA, um tipo de bisfenol, que causa problemas na capacidade de fertilização dos peixes e é cancerígeno.
Outro microplástico altamente prejudicial é aquele derivado de filtros de cigarro. "Eles demoram décadas para se decompor, e, durante o processo, liberam microplásticos e mais de 250 substâncias químicas tóxicas, incluindo carcinogênicos, contaminando solos e águas. Um único filtro de cigarro pode poluir até 1.000 litros de água". Ao todo, foram contabilizados 72 mil macrorresíduos.