Programa dos EUA desafia 'tabu' sobre a matemática

'Mentalidades Matemáticas' será aplicado em 1.500 escolas municipais

Por

Por Marcello Sigwalt

Democratizar e humanizar o ensino de fórmulas, problemas, equações e contas. Sob este lema, o programa Mentalidades Matemáticas (MM), desenvolvido pela Universidade de Stanford (EUA), baseado em conceitos da neurociência, será implantado na rede municipal do Rio.

Como primeira medida para a adoção local do programa estadunidense, os professores da rede vêm passando por um curso a fim de aprofundar o conhecimento do modelo didático, a ser disseminado entre as mais de 1.500 escolas da cidade.

Ministrante há 11 anos da matéria, nos ensinos fundamental e médio - temida e considerada 'desafiadora' para muitos - o professor Nelson Garcez Lourenço participa da turma: "Desde 2017 ou 2018, acompanho o projeto e já tentava aplicar essas atividades na minha sala de aula. É desafiador, porque as dinâmicas são diferentes do ensino tradicional. Mas acredito no poder de uma Matemática mais democrática, aberta e visual. Isso beneficia tanto o aprendizado da Matemática quanto a formação cidadã dos estudantes".

Como missão básica, os professores em processo de capacitação servirão como formadores especialistas, a fim de preparar o restante do corpo docente municipal para aplicação da nova abordagem em sala de aula, bem como 'desfazer o mito' de bicho-papão secular que pesa sobre a Matemática.

Resultante de parceria entre a Prefeitura do Rio, o Itaú Social e o Instituto Sidarta - responsável por sua aplicação no país - o programa ianque se baseia em estratégias visuais, atividades colaborativas e resolução de problemas por diferentes caminhos, iniciativas que visam tornar a disciplina mais acessível e menos intimidadora.

Ao destacar que o foco do programa é criar um ambiente de confiança e criatividade, a coordenadora pedagógica do MM, Maira Costa comenta que "errar faz parte do processo e ajuda a aprender. Nosso objetivo é tirar a ansiedade dos alunos e mostrar que todos têm potencial para aprender, sem mitos ou barreiras".

Programa semelhante, em Cotia (SP), foi ministrado por um curso de férias de dez dias, adiantando um ano e três meses de escolaridade.

Com 16 anos de carreira, O professor Pedro Paulo Sena, avalia que "a metodologia, focada no desenvolvimento do raciocínio e resolução de problemas, atende às demandas sociais e do mercado de trabalho".