Por Marcello Sigwalt
A escalada da violência na área crítica do Morro dos Macacos, em Vila Isabel (Zona Norte) pode ser medida pelo saldo de 12 mortos e dez feridos, somente em 2024, em 80 tiroteios envolvendo, em sua maior parte, a disputa de território por facções rivais do tráfico, Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP). Os dados foram expostos pelo Instituto 'Fogo Cruzado', que destacou dezembro como o mês mais violento, com 22 tiroteios, para desespero dos moradores da região.
De fato, o conflito no Morro dos Macacos e em outros próximos a ele faz parte do 'projeto de expansão' dos 'negócios' do Comando Vermelho, que vê na localidade uma vantagem estratégica, por sua proximidade da Floresta da Tijuca, o que facilita o acesso à Zona Oeste, atualmente dominada pela milícia.
Investigações apontam que os traficantes do CV que 'fustigam' o local costumam se abrigar no Morro São João, no Engenho Novo. Durante operação deflagrada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, em 28 de setembro último - na qual foram apreendidos dois fuzis, três pistolas, radiotransmissores, munição, carregadores para fuzil e pistola, além de equipamentos militares táticos e uma luneta para fuzil - foram presos sete criminosos.
Como argumento para a iniciativa, na época, a corporação alega que a intenção era "reprimir a disputa por territórios" na região. Dois fuzis, três pistolas, radiotransmissores, munição e carregadores para fuzil e pistola, além de equipamentos militares táticos e uma luneta para fuzil, foram apreendidos. Essa foi a última ação, até o momento, da PM por lá. Mas o mais grave nessa análise é a constatação de que nada mudou para a comunidade do Morro dos Macacos, que enfrenta, desde 2019, ao menos um tiroteio por semana, a não ser a possibilidade de se tornar alvo na linha de tiro dos bandidos.
Enquanto isso, o local viu 'minguar' o contingente de segurança, levando em conta que, em abril deste ano, o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da PM dispunha de 128 policiais militares no Morro dos Macacos, o que corresponde a um déficit de 100 policiais à meta prevista, desde 2011, quando foi implantada a UPP. O pedido leva em conta "intensas disputas territoriais ocorridas entre componentes da facção criminosa autodenominada "Comando Vermelho - CV" e "Terceiro Comando Puro - TCP "e menciona que o aumento das investidas da primeira facção " fez crescer o número de crimes na região".
