Por Marcello Sigwalt
Após a iniciativa de modernização da região portuária, no já distante ano 2009, o início de 2005 dá sinais de que vai marcar, em definitivo, o processo de revitalização do centro do Rio. Na verdade, tal tendência se acentuou, após a implosão do Elevado da Perimetral, assim como pela vinda crescente, ainda que lenta e gradual, de 'novos moradores', às novas construções, residenciais ou comerciais. ali criadas.
Esse novo fluxo começou a criar as condições para que se tornasse realidade o conceito de 'Centro Ampliado', cujas fronteiras se estenderiam aos três bairros da região portuária - Saúde, Gamboa e Santo Cristo - Cidade Nova, Catumbi, Estácio, Lapa, incluindo algumas áreas da Praça da Bandeira e São Cristóvão.
Entre os exemplos, cabe destaque a dezenas de empreendimentos em curso, sem contar o fomento para ocupação cultural e até cervejeira; recuperação de prédios históricos (vide Estação Leopoldina e o Edifício A Noite), além do novo estádio do Flamengo, da Fábrica do Samba Rosa Magalhães, da nova sede do consulado dos Estados Unidos e do novo campus do Instituto Nacional do Câncer (INC). No campo da 'desconstrução', há a previsão de demolição do Viaduto 31 de Março, que 'arejará' o Catumbi para novas experiências. A expectativa do mercado é de que tais ações ganhem impulso, ao longo deste ano.
O arquiteto e urbanista Washington Fajardo conta: "Sempre tive esse conceito de supercentro. É um espaço muito maior que o perímetro do Centro Histórico e é um território extremamente bem-estruturado, sobretudo em termos de mobilidade e de acessibilidade, um território que é muito importante não apenas para a cidade, mas que tem uma relevância para toda a Região Metropolitana, e foi sendo abandonado ao longo dos anos por uma série de fatores que agora estão sendo revertidos. O Rio está na vanguarda da reabilitação de áreas centrais no Brasil com o compromisso de mudar a lógica do desenvolvimento urbano da cidade".
Mas essa mudança estrutural da zona central só se confirmará, por meio da ocupação ou reocupação da área. Durante o programa 'Reviver Centro', de julho de 2021 a dezembro de 2024, foram concedidas 42 licenças - 33 para retrofit (transformação de uso) e nove para novos prédios - montante referente a 4.115 unidades (4.062 residenciais e 53 não residenciais).
Na região do Porto Maravilha, com 9.938 novas unidades habitacionais, a população local 'saltou' de 3 mil, na largada dos projetos, para quase 30 mil, atualmente.