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Camelódromo da Uruguaiana volta à ativa nessa quinta-feira

Expectativa é de que comerciantes atingidos voltem ao trabalho nessa quinta (16) | Foto: Marco Lima Prefeitura do Rio

Por Marcello Sigwalt

Com a previsão de que os comerciantes deverão retornar ao trabalho, a partir dessa quinta-feira (16) - realocados em 92 boxes vagos - a Prefeitura do Rio efetuou, nessa terça-feira (14) a demolição dos boxes atingidos pelo incêndio no mercado popular (popularizado pelo termo 'Camelódromo') da rua Uruguaiana, no último domingo (12). Também na terça, às 14h, foi realizado o recadastramento para realocação.

Embora a retomada seja breve, a limpeza total do espaço - correspondente a 96 quiosques - só deverá estar concluída em 15 dias, segundo informações fornecidas pela Coordenadoria Geral de Operações Especiais (CGOE), da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos.

Na visão do secretário de Conservação, Diego Vaz, "o importante é ter celeridade. Vamos fazer esse trabalho junto com a Comlurb para retirar esse material e limpar a área para que a gente possa assentá-los de novo. Até quinta-feira, está área estará liberada".

Conforme sugestão apresentada, na véspera, pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, a recuperação do Camelódromo seguiria o modelo adotado na reconstrução do Mercadão de Madureira. "Se a gente pudesse usar este espaço aqui para uma reconstrução, que é o que o prefeito quer, nos moldes de um Mercadão de Madureira, seria um ganho para todos", acrescentou o secretário.

'Pente fino'

A mudança de concepção comercial, contudo, constitui 'oportunidade de ouro' para que o Poder Público passe um 'pente fino' na atividade, tendo em vista seu histórico conturbado, onde há registro de cobrança de taxas ilegais, receptação de produtos roubados (apreensão recente de 3 toneladas de mercadorias falsificadas) e assassinatos (execução de dois ex-presidentes da respectiva associação). Tal quadro decorre da ação impune do crime organizado no local nas últimas três décadas, que contaria com a participação de agentes públicos, seja na corrupção de fiscais e guardas municipais, além da extorsão de comerciantes

A constatação da presença ostensiva do crime no local é tal, que o próprio secretário municipal de Ordem Pública (Seop), Brenno Carnevale, admitiu que ali prolifera "uma verdadeira atividade da milícia no asfalto" no camelódromo, expressão proferida logo após agentes da secretaria descobrirem, após circularem por três dias pela região, ser recorrente a cobrança de uma 'taxa' semanal de R$ 100 a ambulantes que ofereciam suas mercadorias no mercado.