Por Marcello Sigwalt
Para uma geração acostumada a não ter limites, a aplicação integral da Lei federal 4.932/2024, que proíbe o uso de celulares nas escolas, acabou recuperando um costume essencial para a civilidade, no Rio ou em qualquer outro lugar do planeta: a convivência social, em busca da harmonia.
A única exceção feita pela legislação diz respeito ao uso dos aparelhos para fins pedagógicos ou didáticos, desde que haja acompanhamento por professores, ou direcionado a estudantes que demandem de acessibilidade. A intenção é fazer com que o uso dos celulares seja equilibrado e potencialize a aprendizagem, além de afasta o risco associado ao seu uso indiscriminado.
Essa nova dinâmica escolar já surte efeitos muito positivos em unidades educacionais da capital fluminense e além, com a reintrodução de brincadeiras de criança que estimulam a civilidade, a exemplo do cabo de guerra, queimada e amarelinha.
Em vigência, desde o início do ano passado, pela rede municipal do Rio, a medida vem sendo incorporada por instituições privadas, com retornos positivos. Além das brincadeiras citadas, há o incentivo jogos de tabuleiro que exigem concentração, como xadrez e projetos culturais que, além de promover maior interação entre alunos, já resultam na melhoria de desempenho escolar dos estudantes.
A reviravolta proporcionada pela nova lei federal se insere em recomendações apresentadas pelo Relatório Global da Unesco, que associas o uso excessivo de celulares à piora do bem-estar emocional e do desempenho acadêmico.
No caso do Rio, a Secretaria municipal de Educação implementou a restrição por meio do decreto nº 53.918, assinado pelo prefeito Eduardo Paes, e já colhe frutos com a adesão de 62% das escolas.
De acordo com pesquisa realizada na rede municipal, no primeiro semestre de 2024 (1S24), com base em dados das avaliações bimestrais e pesquisas junto a diretores escolares, quanto maior a série, maior era o hábito de usar celular. Uma vez adotada, a iniciativa criou um ambiente mais saudável, elevando em 53% as chances de alunos do 9º ano conquistarem condições mais adequadas de aprendizado em matemática, isso sem contar com a redução drástica da prática conhecida como 'cyberbullying'.
Segundo a diretora do Ginásio Educacional Tecnológico (GET) - unidade da rede municipal de ensino em Cachambi - Marilane Bonzoumét, a proibição dos celulares foi bem recebida pela comunidade escolar e ajudou a melhorar a interação dos alunos.