Operação no Alemão mira 'coração financeiro' do CV

Iniciativa conjunta de polícias e MP mira desarticular 'caixinha' da facção

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Por Marcello Sigwalt

Uma empreitada para atingir o 'coração financeiro' da maior fação criminosa do Rio. Com esse objetivo, equipes das polícias civil e militar, além do Ministério Público do Rio deflagraram, nessa quarta-feira (15), uma extensão da 'Operação Torniquete' no Complexo do Alemão para desarticular o núcleo de finanças do Comando Vermelho, também chamado de 'caixinha do CV', mediante o cumprimento de 14 mandados de prisão contra denunciados pelo MP, dos quais, sete mulheres.

O confronto entre as forças de segurança e criminosos resultou em um subcomandante do Bope ferido e três suspeitos mortos. Na tentativa de impedir a ação, bandidos procuraram bloquear os acessos ao complexo de favelas, por meio de colocação de barricadas, além de espalhar óleo nas ruas, para impedir a progressão dos 'caveirões' - um deles derrapou e colidiu contra dois carros estacionados.

Do total de mandados, oito foram cumpridos, com a prisão de Jorge Pereira de Jesus, Mariana Miranda de Jesus, Marlene Miranda de Jesus, Givanilda Gomes da Silva, André Mota de Souza, Rosângela Aparecida da Silva, Roberta Guerra Aleixo e Ramirez Cristine da Silva dos Santos. Sem contar esse grupo, outras quatro prisões em flagrante foram feitas na região.

Segundo o delegado-titular do 1º Departamento de Polícia de Área da Capital, Gustavo Ribeiro, "com a investigação, conseguimos evidenciar que diversos familiares de presos recebiam verdadeiras semanadas e mesadas da facção. O indivíduo trabalhava para a facção, era preso, e a família continuava recebendo dinheiro, como se em uma empresa estivesse".

Ao prenderem, em 2019, o traficante Elton da Conceição (o PQD da CDD), os agentes encontraram comprovantes de depósitos bancários, o que permitiu identificar os alvos dessa quarta-feira (15).

"A investigação é muito robusta. Pontuamos mais de 5 mil condutas típicas que podem se enquadrar ao crime de lavagem de dinheiro. A nossa descoberta aponta que todo o dinheiro arrecadado com roubo de carga, de veículos, extorsões e com o tráfico de drogas era depositado em contas dos presos de hoje, usadas para pulverizar os valores, que serviam para pagar drogas, adquirir armas e pagar presos e parentes de presos, além de financiar invasões", disse Ribeiro.

Os denunciados pelo Gaeco à Justiça responderão por organização criminosa e lavagem de dinheiro, relacionados ao tráfico de drogas e à ocultação de valores ilícitos em mais de 4.888 operações financeiras, totalizando R$ 21.521.290,38.