'Invasão' da tecnologia de segurança 'vigiará' carioca 24h

A Civitas vai quintuplicar, este ano, o número de câmeras de segurança

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Eficácia da tecnologia de segurança na redução dos índices de violência está em xeque

Por Marcello Sigwalt

Das telas para a realidade. O mito do 'Grande Irmão' - figura literária criada pelo escritor inglês George Orwell em seu clássico futurista '1984', há quase 80 anos - já pode ser observado em vários cantos da cidade, que permite monitorar 24h, em tempo real, a vida do carioca, a pretexto de 'conter a violência' nossa de cada de dia.

Como uma 'febre' tecnológica, de consequências sociais imprevisíveis, o início de 2025 assiste à proliferação de sistema de inteligência artificial e de reconhecimento facial.

Que o diga a Civitas, (Central de Inteligência, Vigilância e Tecnologia em Apoio à Segurança, inaugurada em junho de 2024), que pretende quintuplicar, somente neste ano, o número de equipamentos de monitoramento, atualmente em 3.800.

Caso a 'meta' municipal se cumpra, apenas a rede da Civitas passará a contar com uma câmera de segurança para um grupo de 327 moradores. Isso sem contar com 2 mil câmeras do MetrôRio e as 12 mil utilizadas pelos ônibus das linhas municipais (três em cada veículo, além de 3,9 mil nos articulados dos BRTs).

Nesse rol tecnológico, que beira à invasão da privacidade alheia, se incluem outros meios de transporte, como trens e VLT, além de polícias, empresas privadas de vigilância, e aquelas instaladas pelo próprio cidadão em residências ou estabelecimentos comerciais.

Para o secretário de Segurança do Rio, Victor Cesar Santos, "as câmeras, aliadas à inteligência, ajudam[no combate à violência], porque você consegue otimizar o recurso humano. Cingapura é o melhor exemplo disso. Mas não são suficientes, precisam de aperfeiçoamento".

A maioria das câmeras do Município hoje só fiscaliza o trânsito, mas a ideia é estender seu uso aos órgãos municipais, como escolas e hospitais. Falta, ainda, que seja baixado um decreto ou portaria com regras e prazos para sua adequação. Dessa forma, equipamentos de áreas externas vão estar ligados à central, que dispõe de outro serviço para identificar placas de veículos.

Ao todo, são 1,5 mil radares que registram todos os veículos, inclusive os não multados por excesso de velocidade ou avanço de sinal. Essa plataforma ainda pode ser "treinada" pela inteligência artificial para ter novas funcionalidades.

Para o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere, "a Civitas nasce no contexto de um plano de monitoramento na cidade voltado a ter eficácia, resultado objetivo. Não é só o monitoramento de câmeras, como a gente tem no Centro de Operações Rio (COR), voltado para gerenciar a cidade e tomar novas decisões".