'Ainda estou aqui' poderá 'guindar' Rio à 'film friendly'
Êxito pode tornar cidade um centro de produção audiovisual global
Por Marcello Sigwalt
A ascensão meteórica do cinema e, por que não dizer, da cultura nacional, ao primeiro plano das telas globais, após o já consagrado filme-fenômeno 100% carioca "Ainda estou aqui', está 'turbinando' a pretensão do Rio, de ser 'guindado' à categoria de cidade 'film friendly', desde que este conte com uma decidida política pública que lhe confira uma permanente visibilidade internacional.
Estatísticas em favor da empreitada não faltam, uma vez que, no ano passado, o número de diárias de 27 filmes estrangeiros na cidade (8.782), saltou 11,4%, no comparativo anual, em que produções 'da África do Sul, Polônia e da Itália, preferiam se instalar aqui. Tal expansão, além do inegável atrativo de belezas naturais da cidade, decorre de ações da Riofilme com a Secretaria de Cultura para projetar a cidade como um destino "film friendly", de modo a fortalecer a indústria de produções e filmagens local, o respectivo o mercado - com criação de empregos - sem contar seu impacto econômico.
A tendência é que esse fluxo se intensifique, após a divulgação de três indicações ao Oscar, nessa quinta-feira (23) - para melhor filme estrangeiro, melhor filme e melhor atriz - da película 'Ainda estou aqui', um manifesto pela liberdade, em tempos de ditadura militar.
Ao mesmo tempo, no filme de Walter Salles, Fernanda Torres encarna, à perfeição, a saga de Eunice Paiva pela verdade do paradeiro de seu marido, o deputado Rubens Paiva, desaparecido nos porões da repressão, em 1971.
Outra contribuição efetiva para consolidar o Rio como centro global de grandes produções cinematográficas - a exemplo de Hollywood, Cannes, Veneza, entre outras - diz respeito à 'familiarização' do público internacional com as diversas locações do filme de Salles, que reforça a memória de 12 diferentes bairros cariocas, retratados nas telas.
Antes secretário da pasta da prefeitura direcionada ao G20 e atual secretário de Cultura, Lucas Padilha acentua que "a internacionalização do audiovisual carioca e brasileiro é uma prioridade estratégica. Essas oportunidades ampliam as oportunidades de cooperação internacional, troca que fortalece parcerias e impulsiona coproduções, abrindo espaço para investimentos e novas narrativas que conectam o Brasil ao mercado audiovisual global".
Nesse rol de iniciativas, se destaca a Riofilme - empresa da Prefeitura do Rio - que, desde 2021, exibe forte atuação nas áreas de distribuição, apoio à expansão do mercado exibidor e estímulo à formação de público, com a Rio Film Comission.