Por Marcello Sigwalt
Evidência do atual ciclo de grande dinamismo da economia carioca, o volume de construções no Rio de Janeiro está crescendo mais rapidamente do que sua própria população. É o que observa a pesquisa elaborada pela instituição global de pesquisa WRI Brasil, ao atestar que a expansão imobiliária se manteve em ascensão, de 1993 a 2020, quando estagnação ou queda populacional.
A constatação faz parte de um estudo inédito - divulgado na última quarta-feira (26) pela instituição de pesquisa - que focalizou a evolução urbana nas cidades brasileiras, no período citado. Segundo o gerente de Desenvolvimento Urbano da instituição, Henrique Evers, o estudo vai além do simples critério de expansão territorial, mas cruza dados demográficos, com o uso do solo e volume construído. "Conseguimos categorizar tipos diferentes de cidade. Umas com crescimento horizontal intenso, outras mais controladas, algumas estáveis e outras com verticalização acentuada", assinalou.
No caso do Rio, classificada como 'grande cidade', por possuir mais de 1 milhão de habitantes, Evers explica que a característica do crescimento foi essencialmente vertical, seguindo tendência semelhante à de outras metrópoles, como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre: ocupação de menor espaço físico, onde se concentram construções, serviços e população.
"Cidades mais compactas facilitam o acesso da população às oportunidades urbanas, oferecem padrões de mobilidade mais eficientes e reduzem o consumo de energia e a emissão de poluentes", destacou Evers.
Sobre a disparidade entre o volume construído e o avanço demográfico (quando não, de estagnação ou redução), ele comenta que "as grandes cidades enfrentam estagnação populacional, o que não impediu seu crescimento vertical".
Outro fator seria a 'financeirização' do espaço urbano, em que os imóveis construídos ficam desocupados, alimentando a especulação imobiliária.