O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, propôs formalmente, nesta quinta-feira, reclassificar a maconha como uma droga de baixo risco, uma mudança histórica que aproximaria a política federal da opinião pública.
“Ninguém deveria estar na prisão simplesmente por usar ou possuir maconha. Ponto", disse Biden em uma declaração em vídeo. "Muitas vidas foram alteradas devido a uma abordagem equivocada em relação à maconha e estou comprometido em corrigir esses erros" ( trechos transcritos do jornal “O Globo”).
Ao ler a notícia, me surgiu um sentimento dúbio, de alegria e celebração por tal medida, mas de temor pelo que pode acontecer nos EUA, em novembro: o retorno de Donald Trump.
Conheci Trump em 2011. Ele me recebeu em seu escritório na Trump Tower e depois descemos para almoçar na praça de alimentação do prédio ícone de Trump na 5ª Avenida em NY.
Na época ele conduzia um programa de reality show na tv, muito popular, “O Aprendiz”.’ Já no elevador o frenesi era quase incontido das pessoas. Aos descermos do térreo para o subsolo, pela escada rolante, era uma comoção de impressionar, com pedidos das pessoas por fotos e autógrafos.
Ivanka Trump, sua filha e braço direito, é uma executiva muito qualificada e com enorme empatia. Eu a recebi no Laranjeiras algumas vezes, gosta do Rio. E aqui investiram durante um período.
Mas não se trata disso. Se trata do futuro do mundo. E me apavora ter Trump de volta na Casa Branca. Representa o fortalecimento da desagregação, do preconceito, do fortalecimento de gente como Netanyahu e outros de igual base ideológica que assombram a democracia.
Trump é misógino, fortalece os setores poluentes da economia como o setor de óleo e gás. É anti-imigrante, contra o direito da mulher ser dona do seu próprio corpo e decidir sobre a interrupção da gravidez.
Joe Biden retirou a maconha da Lista I das drogas pesadas, como heroína e LSD, para a Lista III, onde estão classificados analgésicos, por exemplo. Medida sensata e que devia ter sido feita há 54 anos. Biden fez o maior pacote de investimentos em energia limpa. Energia solar, eólica, hidrogênio verde, subsídios potentes para a indústria automotiva investir em carros elétricos, enfim, a reeleição de Biden é fortalecer o bom caminho da nação mais poderosa do planeta com um estadista à frente de questões delicadas no cenário da diplomacia internacional, além de duas frentes de guerra muito tensas e de consequências imprevisíveis. Trump é fazer os EUA andarem pra trás. Os “rednecks”, a população do campo, os fiéis de igrejas evangélicas mais conservadoras e ortodoxas, a classe média reacionária e racista dos EUA e o capitalismo mais predador do país são a base eleitoral de Trump e suas plataformas no país mais rico e mais poderoso do mundo.
A pergunta que a campanha de Biden deve fazer à população norte americana é simples: em 2025 você quer um presidente que desdenha da COVID, do aquecimento global, dos vizinhos latino-americanos da América Central e do Caribe , que provoca a segunda potência mundial, a China, com ameaças no campo comercial, proibindo produtos e serviços de tecnologia chinesas, tudo isso para manter viva a massa bestial do seu país que o idolatra?
Já experimentado no governo, de 2017 a 2020, Trump enfraqueceu o G-7 e desdenhou do G-20. Os dois principais fóruns de negociação entre as nações. Com muitas bilaterais e multilaterais de assuntos da ordem do dia no planeta. Trump ignora.
Fez uma visita simbólica à Coreia do Norte, que não significou nada. A não ser o encontro de um déspota norte coreano com um outsider descrente da democracia ocidental e que teve e terá, caso eleito, sob seu comando, as forças armadas mais potentes do planeta. O mundo vai estar mais tenso do que nunca, com Donald Trump na presidência dos Estados Unidos da América. Apertem os cintos.
*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho