Cerca de dois meses após o início de gestão privada, os frequentadores dos parques Horto Florestal e Floresta Cantareira, vizinhos na zona norte da cidade de São Paulo, passaram a pagar por atração, para estacionar o carro ou ainda até 58% a mais pela entrada. Por outro lado, novos serviços estão sendo oferecidos.
O jornalista aposentado Jaime Pereira da Silva, 70, morador em Santana, também na zona norte e antigo frequentador dos parques, assustou-se quando descobriu que precisaria pagar para entrar no Museu Florestal Octávio Vecchi, o Museu Madeira, que fica no Horto Florestal.
"Uma amiga que estava comigo ficou brava com o preço e não entramos", afirmou ele sobre a desistência à visita.
Segundo a empresa Urbia, gestora dos parques, a visita ao museu passou a custar R$ 15 (R$ 7,50 para meia-entrada). O local abre de terça a domingo e aos feriados. Às terças, a entrada no museu é aberta ao público.
Até o início da concessão, o acesso era gratuito, segundo histórico do museu no site da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, quando a gestão era pública.
Antes, de acordo com a Urbia, o museu era fechado aos fins de semana, porém funcionava às segundas.
A concessionária diz que tem em contrato a possibilidade de realizar cobrança para acesso ao museu, que está sendo restaurado. O espaço passou a contar com guias para as visitas.
O museu, inaugurado em 1931, tem acervo composto de diversas marcenarias, troncos de várias espécies de árvores, entre outras inúmeras atrações históricas. "É um lugar muito bonito, mas eu nunca tinha pagado para entrar", diz Silva.
Desde 18 de abril, quando a concessionária assumiu a gestão, o estacionamento do Horto Florestal também passou a ser cobrado. O período de 12 horas custa R$ 8, de segunda a sexta, e R$ 12, aos sábados, domingos e feriados. O serviço é terceirizado e tem seguro para os usuários.
Em outros serviços pagos no Horto Florestal, foi implantado um circuito de brinquedos com cama elástica, pula-pula, trampolins e escorregadores, com preços a partir de R$ 7, que funciona aos sábados e domingos.
Por R$ 15 por pessoa, há uma visita realizada em carrinho elétrico, com duração de 45 minutos, pelas principais atrações do Horto. O serviço funciona diariamente das 9h às 17h.
No mesmo horário ocorrem visitas temáticas no Circuito Botânico e Abelhas Nativas. Os passeios ocorrem mediante disponibilidade de horário e custam R$ 10 por pessoa. Para grupos grandes, como escolas, a Urbia recomenda o agendamento prévio pelo [email protected].
Recentemente, a empresa afirma que instalou carrinhos que funcionam diariamente com comidas e bebidas em diferentes pontos do parque. "Ainda aos finais de semana, a concessionária disponibiliza uma feira gastronômica com opções que vão desde doces mineiros e crepe até pastel, caldo de cana e hambúrguer", diz a empresa.
Já no Floresta Cantareira, é preciso reforçar o bolso antes de partir para as belas caminhadas no parque da zona norte. O preço para brasileiros entrarem no local subiu de R$ 19 para R$ 30 –aumento de 58%.
De acordo com a Urbia, o ingresso antes da concessão variava entre R$ 37 para estrangeiros, R$ 28 para residentes no Mercosul e R$ 19 para brasileiros.
"Agora custa R$ 30 para todos os visitantes, com a aplicação de meia-entrada para algumas categorias como idosos, estudantes", diz a concessionária.
Pessoas com renda familiar de até R$ 2.500 que morem em um raio de até 2 km, a partir do portão de entrada de cada núcleo do Cantareira, não pagam para acessar o local.
"Foram executadas diversas melhorias: revitalização dos acessos internos, especialmente ao mirante da Pedra Grande, implantação do café na pedra, além de reforço na segurança nos núcleos", diz a concessionária.
Pagando o ingresso, o visitante acessa os refúgios ecológicos da Pedra Grande, Águas Claras e Engordador, principais atrações do parque.
Ainda no Cantareira, foi implantado um sistema de visitas guiadas, conduzidas por educadores ambientais. O serviço, com direito a narração da história do local, custa R$ 10.
A concessão das duas áreas turísticas foi assinada pelo então governador João Doria (PSDB) em 20 de janeiro.
Segundo o governo, a concessionária será responsável pela zeladoria, manutenção e operação dos serviços pelos próximos 30 anos, com investimentos mínimos de R$ 50 milhões, dos quais R$ 31 milhões deverão ser aplicados nos seis primeiros anos de contrato.
Em nota, a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente disse que a concessionária está realizando diversas melhorias para recuperar o Palácio de Verão, no Horto Florestal, e abrir para a população.
A pasta confirmou que a entrada no Horto Florestal é gratuita e reiterou as mudanças feitas no sistema de cobrança do Cantareira.
"O concessionário estabelece o valor tarifário em razão da necessidade de recursos frente aos investimentos e custos operacionais assumidos", diz trecho da nota do governo estadual.