Os 14,7% de intenções de voto obtidos pela deputada Tabata Amaral (PSB) na última pesquisa Atlas/CNN para a prefeitura de São Paulo animaram ainda mais seus aliados. No levantamento de dezembro, ela registrara 6,2%.

Presidente do PSB, Carlos Siqueira afirma que, independentemente de pesquisas, a polarização entre os dois líderes das pesquisas, Guilherme Boulos (Psol, 35,6%) e Ricardo Nunes (PSB, 33,7%), deveria ser entre este — o atual prefeito — e Tabata.

Para ele, a candidata, que avalia como sendo de centro esquerda, tem melhores condições que Boulos para ampliar o voto antibolsonarista: Nunes é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Ela representa uma frente mais ampla", afirma.

Ele usa como exemplo a candidatura de Lula à Presidência em 2022. Ressalta que a união em torno do petista se deu a partir da constatação de que ele era o melhor nome para derrotar Bolsonaro. Siqueira defende a manutenção da mesma lógica em 2024.

Segundo o presidente do PSB, essa capacidade de Tabata de representar um universo mais amplo na política do que Boulos ficará explícita amanhã, feriado de 1o de Maio, quando ela apresentará os responsáveis pela elaboração de seu programa de governo.

Dá pra notar, entre correligionários de Ricardo Nunes, uma ciumeira em relação à simpatia de grandes empresários em relação à candidatura de Tabata.

Para eles, isso revela um preconceito em relação ao prefeito e uma identificação pelo fato de a pré-candidata do PSB, apesar da origem pobre, ter cursado a mais que prestigiada Universidade de Havard. Ela recebeu bolsa de estudos.

Cerca de 85% dos R$ 2.339 milhões de sua campanha de 2022 vieram de doações particulares, entre elas, de Armínio Fraga Neto, Elie Horn, fundador da construtora Cyrela, e de Luiza Trajano, do Magazine Luiza.

Boulos também teve ajuda privada para arrecadar R$ R$ 2,829 para sua campanha (as doações diretas representaram em torno de 35% do total). O advogado Walfrido Jorge Warde Junior doou R$ 200 mil; Elisa Bracher, herdeira do fundador do banco BBA, R$ 60 mil.

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) ficou meio longe do barulho em torno da decisão do governo de recorrer à Justiça contra a diminuição de contribuições previdenciárias. "É bom deixar o Rodrigo Pacheco (PSD-MG, presidente do Senado) brigar", diz um aliado.

Líderes bolsonaristas avaliam que será melhor ter apenas um outro candidato a prefeito do Rio correndo na mesma faixa que o deputado Alexandre Ramagem (PL), apoiado pelo ex-presidente. "Ficará apenas um deles", diz o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Ligados a Bolsonaro, Otoni de Paula (MDB) e Rodrigo Amorim (União Brasil) já tiveram suas pré-candidaturas anunciadas. O PL avalia que a presença de um deles nos debates será importante para bater em Paes; mas a entrada de dois na disputa poderia dividir votos.