Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Inimigo íntimo: o maior adversário de Boulos

Candidato do Psol fez campanha em Guianases | Foto: Leandro Paiva/Divulgação campanha Psol

Na avaliação de aliados e de adversários, o maior adversário de Guilherme Boulos, candidato do Psol à prefeitura de São Paulo, não é Ricardo Nunes (MDB), mas a própria imagem de radical.

É que explicaria o fato de situações que desgastam o atual prefeito — como o apagão na cidade — não representarem um aumento nas intenções de voto do psolista. O emedebista chega a perder pontos em pesquisas, mas esses eleitores não migram para Boulos.

Protagonista e observador da política, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, tem dito a amigos que o candidato do Psol é um grande quadro da esquerda que esbarra no estereótipo de invasor — ele foi coordenador nacional do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST).

 

Bomba

Boulos promete fazer uma revelação bombástica às 10h de hoje. Assessores dizem não saber do que se trata, mas a aposta é que se trata de algo relacionado a Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria de Infraestrutura Urbana, que seria ligado a empreiteiras.

Atacante

No debate da Record/Estadão, Nunes assumiu uma postura bem mais agressiva do que no encontro da Band. Ele e aliados resolveram que não seria bom continuar a apanhar calado. Parte da semana passada foi consumida em treinamentos para jogar no ataque.

Eleitor envergonhado e distorção no Datafolha

Nunes e Boulos no debate de sábado | Foto: Reprodução/Record

Especialistas ouvidos pela coluna concordam que divergências do Datafolha em relação a outros institutos estão relacionadas a uma ponderação aplicada no segundo turno.

Para compensar uma presença menor de entrevistados que disseram ter votado em Pablo Marçal, o Datafolha aumentou o peso destes em seus cálculos. Ele teve 23% dos votos, mas, dos ouvidos pelo instituto, só 15% declararam ter optado por ele.

O problema é que a ponderação não leva em conta eleitores de Marçal que, aos pesquisadores, disseram ter optado por outro candidato. Neste segundo turno, o Datafolha chegou a dar 22 pontos de vantagem para Nunes.

Enganos

Não é incomum que eleitores se enganem ou mintam na hora de declarar votos anteriores. Muitos não gostam de dizer que escolheram candidatos que acabaram derrotados; no caso de Marçal, não se pode descartar o eleitor que se envergonhou de ter votado nele.

Probabilidade

Outro problema: como os três primeiros colocados na primeira fase tiveram votações parecidas, haveria uma tendência estatística de que, numa amostragem aleatória, os eleitores de todos tivessem representação semelhante entre os abordados pelos pesquisadores.

Peso maior

O critério utilizado pelo Datafolha permite que eleitores de Marçal tenham sido sobrerrepresentados. O resultado final da pesquisa refletiria a opinião dos marçalistas assumidos e daqueles que votaram nele mas afirmaram que optaram por outros candidatos.

Justiça

Boulos chegou a entrar na Justiça contra o Datafolha, alega que a ponderação utilizada não havia sido previamente informada ao TSE. O instituto comunicara que poderia fazer alterações na mostra para equiparar critérios como idade e sexo dos eleitores.