Líder do PL na Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (RJ) não poupa palavras ao mostrar sua irritação com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro na Presidência da República: "Esse Cid é um vagabundo, tem que ser expulso do Exército".

A revolta de Côrtes está relacionada à decisão do militar de fazer delação premiada. Ele teria acusado Bolsonaro e auxiliares de participarem de conversas para um golpe de Estado. Ressaltou que, no caso da falsificação de atestados de vacinação, Cid é "réu confesso". "Um coronel do Exército não pode ser falsificador de documentos".

Apesar de criticar o fato de a delação ter sido acertada enquanto Cid estava preso, ele reclama do gesto do militar. "Ele estava numa prisão super especial, é um frouxo. Como pode ser de forças especiais?", questiona.

Cortês frisa que, na época da Lava Jato, o PT e boa parte do Judiciário criticaram as delações acertadas quando o suspeito estava preso, pressionado pela falta de liberdade. "Essa condenação só vale para eles? Alguém afetado psicologicamente pode delatar?", pergunta.

O deputado ressalta que não basta falar na existência de uma "minuta do golpe", é preciso provar que as articulações ocorreram. Insistiu que a delação foi feita por uma pessoa que estava presa, o que levanta dúvidas sobre o teor do que foi dito para os policiais.

Apesar da irritação com Cid e com as condições em que a delação premiada foi acertada, o líder do PL afirma não acreditar que as palavras do militar gerem danos políticos para seu partido e para Bolsonaro.

"O país continua polarizado, essa história de minuta de golpe não vai fazer a menor diferença. O eleitorado do Bolsonaro já ouviu falar nisso há muito tempo, não há qualquer novidade", avalia. Para Côrtes, é preciso separar eventuais consequências judiciais de questões políticas e eleitorais.

O deputado diz que não conversou com o ex-presidente depois do vazamento de trechos da delação de Mauro Cid.

Integrante da bancada governista da CPMI do 8 de Janeiro, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) irá amanhã à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal apresentar queixas contra alguns dos milhares de internautas que a ameaçam desde a última quinta-feira.

As postagens foram depois que ela chamou o Nikolas Ferreira (PL-MG) de "moleque". O deputado se considerou ameaçado quando Jandira afirmou que, se continuasse com provocações, ele teria consequências "na cara": ela diz que se referiu a um processo judicial.

O nome do ex-procurador federal dos Direitos do Cidadão Aurélio Rios apareceu na lista de favoritos para o cargo de Procurador-Geral da República. Tem a seu favor uma postura progressista: foi contra o impeachment de Dilma Rousseff e criticou a Lava Jato.

A cirurgia a que Lula será submetido na sexta aumentou a tensão na disputa pela PGR. Há o temor de que a indicação só ocorra depois da recuperação do presidente. O mandato de Augusto Aras termina amanhã e a instituição será comandada por uma interina.