Por: Fernando Molica

Correio Nacional | Governo do Rio de Janeiro quer tirar o gás das milícias

O então deputado Marcelo Freixo com o relatório da CPI | Foto: Reprodução/ Facebook

O governo do Rio de Janeiro informou ao Ministério da Justiça que tentará asfixiar pelo menos parte do faturamento das milícias que atuam no Estado.

A primeira medida será investigar as empresas que fornecem botijões de gás para as quadrilhas que, depois, repassam o produto, com ágio, para moradores de áreas dominadas.

Na avaliação da área de segurança do estado, não será difícil detectar as fornecedoras de botijões, que são registradas na Agência Nacional do Petróleo, têm endereço fixo e CNPJ.

 

Alerta da CPI

O relatório final da CPI das Milícias, promovida em 2008 na Assembleia Legislativa do Rio, frisou a necessidade de cortar as fontes de recursos dessas quadrilhas. Listou o fornecimento de gás, a exploração de transporte alternativo e a de canais de TVs por assinatura, o "gatonet".

Providências

Distribuidoras de gás ressaltaram à CPI a necessidade de providências legais e institucionais para permitir o controle de revendas, entre elas, um convênio com o Corpo de Bombeiros para fiscalização das empresas.

Nada junto, nem misturado

No Rio, Guarda Nacional atuará com Polícia Rodoviária | Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

Uma das grandes preocupações do Ministério da Justiça é separar a atuação de seus policiais do trabalho das forças estaduais de segurança. Isso, pela desconfiança em relação ao nível de comprometimento das instituições fluminenses com quadrilhas de traficantes e de milicianos.

Os 305 membros da Guarda Nacional já enviados ao Estado trabalham subordinados à Polícia Rodoviária Federal. Eles reforçam o patrulhamento em estradas e na Avenida Brasil, que tem 58,5 quilômetros de extensão. Isso é possível porque seu trajeto inclui trechos das BR-101, da BR-040 e da BR-116.

Expansão

Um trabalho do Grupo de Estudos em Novas Ilegalidades da Universidade Federal Fluminense e do Instituto Fogo Cruzado concluiu que as áreas controladas por milícias no Estado cresceram 387% nos últimos 160 anos. Elas ocupam metade da Região Metropolitana do Rio.

PGR recebe relatório final da CPMI do 8/1

A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu nesta terça-feira (24) o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 janeiro.

O documento foi entregue à procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, pela senadora Eliziane Gama e outros integrantes da CPMI. Na semana passada, o relatório marcou fim dos trabalhos da comissão e indiciou 61 pessoas, entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O subprocurador Carlos Frederico Santos foi designado para analisar o relatório e propor eventuais investigações contra os citados do documento final. Santos atua na investigação dos atos e foi responsável por denunciar cerca de 1,4 mil acusados.

O material contém 1,3 mil páginas e 7 terabytes de arquivos digitais, incluindo imagens, vídeos e diversos documentos que embasaram os indiciamentos.

Mais cedo, Eliziane Gama e os deputados federais Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Rogério Correia (PT-MG), além do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também entregaram o relatório da CPMI ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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