Um estudo ainda inédito do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra a utilidade e, ao mesmo tempo, a limitação do uso de transporte por veículos de aplicativos por quem busca emprego. Um dos objetivos era verificar a influência do uso desse tipo de serviço na manutenção de desigualdades sociais e seu impacto na acessibilidade urbana.

Ao analisarem dados das 152 milhões de viagens feitas, no Rio, por motoristas associados à Uber em 2019, os pesquisadores cruzaram dados relacionados ao custo e o tempo de cada trajeto.

O trabalho, que será divulgado amanhã, indica a possibilidade de que, na busca por emprego, o uso desse tipo transporte aumenta a vantagem competitiva de quem tem mais grana: essas pessoas conseguem se locomover mais rapidamente e com maior facilidade.

Mas o estudo do Ipena também aponta que esse jeito de se locomover pelas cidades não pode substituir o transporte público. Isso, nem mesmo para aqueles que podem utilizá-lo com alguma frequência, já que seu custo fica proibitivo em trajetos mais longos.

Os técnicos concluíram que o custo do uso cotidiano de carros por aplicativo é capaz de gerar um gasto proibitivo. Algo em seria capaz de comprometer entre 10% e 40% da renda mensal de um trabalhador. Isso, só no trajeto básico entre casa e trabalho.

O produtor rural Argino Bedin bem que tentou, mas não conseguiu escapar da obrigação de comparecer hoje à CPMI do 8 de Janeiro. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, não concordou com o pedido de ser dispensado de depor.

Citando uma decisão do ex-ministro Ricardo Lewandowski, Toffoli frisou que o atendimento à convocação é "uma obrigação imposta a todo cidadão, e não uma mera faculdade jurídica".

Suspeito de ter financiado atos golpistas, Bedin, chamado de "rei da soja" de Sorriso (MT), terá, porém, o direito de, durante a sessão, não responder a perguntas que possam incriminá-lo.

A tentativa de Bedin revela que, ao autorizarem a ausência de dois depoentes, os ministros Nunes Marques e André Mendonça, criaram uma roleta no STF. Como os relatores são escolhidos por sorteio, cada convocado tem 20% de chances de seu caso cair com um deles.

Tudo indica que o depoimento do PM Beroaldo de Freitas Júnior, na quinta, será o último da CPMI. Nem os governistas acreditavam ontem mais na possibilidade de o presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), reconvocar o general Braga Netto.

O feriadão da próxima semana tende a esvaziar o Congresso e inviabilizar outro depoimento na terça. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) já prepara o relatório das investigações, que será apresentado no dia 17. Ela deverá indiciar até mesmo quem não foi depor.

O impasse na tramitação da minirreforma eleitoral revela mais um capítulo na disputa no Legislativo. De um lado, Arthur Lira, presidente da Câmara; de outro Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e Davi Alcolumbre, que manda na Comissão de Constituição e Justiça.