Por: Fernando Molica

Correio Nacional | Governistas irritados com verbas para oposição

Presidente da Câmara: briga com evangélicos | Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

Boa parte da base governista na Câmara está irritadíssima com o Palácio do Planalto. Isso porque, para conseguir a aprovação de propostas como arcabouço fiscal e reforma tributária, o governo liberou emendas extras principalmente para deputados do PL, verbas que chegam a R$ 50 milhões.

O dinheiro veio da rubrica RP2, mecanismo que, na prática, substitui, com a mesma falta de transparência, a antiga RP9, o orçamento secreto proibido pelo Supremo Tribunal Federal.

A RP2 concentra verbas dos ministérios que, em tese, não seriam distribuídas via deputados e senadores. Boa parte do dinheiro, porém, acaba sendo liberada por indicações políticas negociadas entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o Palácio do Planalto.

 

Os padrinhos

O dinheiro sai escondido, sem padrinhos explícitos, mas os responsáveis pela liberação das verbas fazem questão de, em suas bases, revelarem que conseguiram o dinheiro. Isso desperta muita ciumeira, principalmente entre os que já apoiam o governo e não recebem mais nada.

Fim de feira

Por falar nisso: prefeitos fizeram caravana em Brasília nos últimos dias. É que hoje termina o prazo para que parlamentares apresentem suas emendas ao orçamento de 2024. Cada deputado terá direito de destinar, de maneira oficial, R$ 37 milhões para obras e serviços.

Insatisfação e viagem de Lira atrapalham votações

Altineu Cortês | Foto: Pablo Valadares

Não vai ser tão simples votar projetos de interesse do Planalto, como a reforma tributária e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Deputados reclamam de atraso no pagamento de emendas e outros se queixam do descumprimento de acordos. Líder do PL, Altineu Côrtes afirma que vetos de Lula em matérias negociadas no Congresso também atrapalham o andamento dos trabalhos.

"Todo mundo está irritado. O governo não cumpre o que acerta, suas próprias lideranças ficam sem ter o que falar", frisa. O calendário também dificulta: como Lira vai viajar na próxima semana, as votações relevantes só serão retomadas no dia 12.

Esperança

Integrante da base do governo, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) se diz otimista. Avalia que será possível votar a reforma tributária e garantir a promulgação dos pontos da Proposta de Emenda Constitucional que não foram modificados na tramitação no Senado.

Vai e volta

Segundo ela, houve pelo menos 40 mudanças em relação ao projeto aprovado pela Câmara. Como alguns itens serão novamente alterados — entre eles, o excesso de benefícios à Zona Franca de Manaus —, boa parte da PEC terá que voltar para os senadores.

Concessões

Em conversa com o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, o deputado Max Lemos (PDT-RJ) conseguiu emendas para deputados novos (que não tiveram como apresentá-las em 2022) e arrancou prazo de 15 dias para resposta ao pedido de cargos.

Na fila

A sucessão dos péssimos resultados do Botafogo repercutiu no atendimento de seu programa de sócio-torcedor, o Camisa 7. Quem recorreu ao Whatsapp para cancelar sua inscrição foi obrigado a esperar mais de quatro horas para ser atendido por um ser humano.

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