Apesar de uma até agora bem-sucedida articulação de partidos de direita e de centro-direita, a candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL) à Prefeitura do Rio levanta dúvidas dentro da própria legenda. Para alguns, há risco de que uma eventual derrota seria muito ruim para o ex-presidente Jair Bolsonaro, principal responsável pela escolha do delegado da Polícia Federal, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Isso porque, para ter chance de vitória, Ramagem teria que nacionalizar a eleição, enfatizar mais sua ligação com Bolsonaro do que tratar de problemas da cidade. Assim, uma derrota também entraria na conta do ex-presidente, que, em 2022, teve mais votos no Rio do que o presidente Lula.

Além da dificuldade de tratar de temas nacionais numa eleição municipal, Ramagem terá pela frente Eduardo Paes (PSD), candidato declarado a tentar seu quarto mandato à frente da prefeitura. Conhecedor da cidade, Paes vai tentar manter a eleição nos limites do Rio.

A entrada de Ramagem na disputa dá ao prefeito uma boa desculpa para não entregar a vaga de vice para o PT. Alegará que a presença do petista na chapa contribuiria para reforçar o discurso de nós contra eles do bolsonarismo e permitiria a nacionalização do pleito.

A oposição conseguiu adiar mais uma vez a votação projeto que regulamenta as apostas. Alegou que não seria correto tratar do assunto quando há 15 senadores fora do país. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aceitou, afirmou que um tema tão importante não comportaria votação remota.

A decisão contraria o governo (que quer cobrar impostos das bets) e fortalece oposicionistas que discordam da possibilidade, colocada pelo relator, Angelo Coronel (PSD-BA), de permitir instalação de máquinas caça-níqueis em ambientes físicos. Essas máquinas estão no centro da guerra do jogo do bicho no Rio.

Na Câmara, os trabalhos também prosseguem em banho-maria. Os deputados querem fazer pressão para que o governo pague emendas parlamentares — isto, em muitos casos, depende do envio de projetos que autorizem o remanejamento de verbas dos ministérios.

Há também uma cobrança para que o governo envie um plano de trabalho com um cronograma de liberação das emendas. Enquanto o que está sendo chamado de "cesta de Natal" não chegar, o sapatinho do Palácio do Planalto vai continuar a pegar sereno na janelinha.

Adversários da aprovação do nome do ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal agora se aferram a uma filigrana. Alegam que a Constituição exige "notável saber jurídico" dos candidatos à capa preta, e não apenas um "notório saber jurídico".

A diferença está numa espécie de hierarquia. Notório indica algo que é conhecido por todos. Já notável vai além: caracteriza o que deve ser apreciado, que merece apreço; alguém ilustre, renomado. Para a oposição, Dino, indicado por Lula, não tem essas características.