Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO NACIONAL: Especialista elogia tributária, mas diz que carga aumentará

Bichara: mudança vai simplificar o sistema | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Um dos mais importantes advogados tributaristas do país, Luiz Gustavo Bichara comemora a aprovação da reforma que muda o sistema de impostos. Mas adverte: haverá aumento da carga tributária.

Bichara elogia a simplificação que ocorrerá no sistema com a adoção de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) que terá duas vertentes: um tributo federal, a CBS, e outro estadual-municipal, o IBS. Segundo ele, a medida reduzirá os litígios que envolviam dúvidas sobre a compensação de créditos tributários (setores da economia que brigavam para diminuir seus impostos com base em tributos pagos anteriormente na cadeia de produção e comercialização de produtos). "Qualquer despesa vai gerar crédito", frisa.

 

Penduricalhos

O custo político para a aprovação trouxe, ressalta, um problema: os penduricalhos que foram colocadados para atender diferentes setores. Assim, além da CBS e do IBS haverá impostos sobre sobre produtos como bebidas e cigarros e um outro sobre mineração.

Apoios

Haverá também uma contribuição para substituir fundos estaduais e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que incidirá nos casos de produtos similares aos da Zona Franca de Manaus. "Para atrair apoio político houve necessidade dos 'jabutis'", resume.

Alíquota do IVA vai variar em estados e municípios

Reforma tributária foi aprovada na última sexta-feira (15) | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Bichara recorre a uma imagem para caracterizar o aumento da carga tributária: "Quando o ministro e os 27 secretários estaduais de Fazenda concordam com a reforma fica evidente que haverá aumento na arrecadão", diz.

O advogado ressalta que não há uma alíquota definida para o IVA, até porque ela vai variar em cada estado e município, que terão autonomia para definir seus percentuais de cobrança do IBS.

O importante, ressalta, é que estes percentuais terão que ser os mesmos para todos os produtos e serviços, não haverá como um governo estadual estabelece alíquotas diferenciadas para, por exemplo, atrair empresas.

Presumido

O aumento em impostos ficará evidente, afirma Bichara, com a mudança, de 8,5% para algo em torno de 27%, da alíquota para empresas que optam pelo lucro presumido. Custo que será repassado para o consumidor final — caso este tenha condição de suportar o aumento.

Combustíveis

A isenção de impostos sobre combustíveis importados via Zona Franca de Manaus foi derrubada na Câmara, mas o advogado lembra que há no Supremo Tribunal Federal uma ação que questiona a cobrança. A decisão do STF tem poder para mudar a regra do jogo.

Meio século

Bichara destaca que a regra de transição entre os sistemas será lenta para os estados e municípios; as compensações sobre eventuais perdas de arrecadação vão se estender por 50 anos. Mas, para o consumidor, o processo será bem mais rápido, será concluído em 2032.

Aos poucos

Uma fase delicada ocorrerá, prevê, no processo de mudança entre, por exemplo, a cobrança dos atuais ICMS e ISS para o IBS. Entre 2029 e 2032 haverá uma sucessiva redução do percentual dos impostos antigos e aumento do novo, que passará a vigorar 100% em 2033.

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