Por: Fernando Molica

Correio Nacional | Para líder do PL, país continuará polarizado

Portinho: pacificação agora é utopia | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL) classifica de utopia a possibilidade de que em pouco tempo ocorra uma pacificação no país. Em entrevista ao Correio Nacional, afirma que estamos "condenados à radicalização". Para ele, as duas principais lideranças políticas do país, o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alimentam essa situação: "Um se retroalimenta do outro, têm lados bem definidos", frisa.

"Eles precisam da polarização para que não surjam novas lideranças", destaca. Ressalta que, mesmo inelegível, Bolsonaro continua influente e vai procurar faturar um eventual fracasso de Lula. Já o presidente, segundo o senador, insiste em classificar o antecessor de antidemocrático.

 

Eleições

Na avaliação de Portinho, a rivalidade entre Lula e Bolsonaro será a marca das eleições do próximo ano, principalmente nas capitais dos estados. Isso, apesar de ser um pleito municipal. Para ele, as restrições aos partidos também ajudam alimentar a polarização.

Donos da bola

De acordo com o senador, o aumento do fundo eleitoral contribui para reforçar a hegemonia de PT e PL, que acabam concentrando muitas verbas. Prevê novas fusões de partidos e a formação de federações, como a articulada por PP, Republicanos e União Brasil.

Senador: Justiça precisa mudar sua postura

"Eleição acabou", ressalta o parlamentar | Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Portinho, que foi líder de Bolsonaro no Senado, afirma que o processo de pacificação do país passa, necessariamente, por uma mudança de postura do Poder Judiciário que, para ele, "precisa arrefecer": "A eleição acabou", diz. Questiona, entre outras medidas tomadas pelo Supremo Tribunal Federal, as votações de descriminalização do aborto e das drogas.

Defende também que o governo "pare de olhar pelo retrovisor" e procure focar no que tem pela frente. Chega a sugerir uma anistia para condenados pelas ações do 8 de Janeiro que não participaram de atos de vandalismo. "O país está cansado da radicalização", afirma.

Habilidade

O senador elogia a capacidade de articulação de Lula, que conseguiu aprovar os dois projetos que, avalia, eram os prioritários para o governo: o arcabouço fiscal e a reforma tributária. Para ele, o presidente tem mais habilidade no diálogo político que o antecessor.

Menos verbas

Ressalta, porém, que as vitórias "custaram muito caro" e que o custo para obter a maioria terá consequências na execução de políticas públicas, caso da nova versão do Plano de Aceleração do Crescimento, que deverá perder verbas para emendas parlamentares.

Peso no bolso

Sua maior crítica ao governo é o que chama de foco no aumento da arrecadação, o que acabaria pesando no bolso do contribuinte. "Um governo de esquerda tem postura mais assistencialista", constata. Para ele, a busca por mais recursos afetará a saúde das empresas.

Firme e forte

Apesar dos acordos do governo com o Centrão, Portinho lembra que, no Senado, há uma oposição que classifica de "consolidada", que reúne de 32 a 34 dos 81 integrantes da Casa. "Não dá para barrar um projeto de lei, mas é possível atrapalhar emendas constitucionais".

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