Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO NACIONAL | Randolfe diz que pacificação virá com melhoria de vida

Senador: diálogo possível com bolsonaristas | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues afirma que a melhoria da qualidade de vida da população é o caminho para superar a polarização política que tem marcado o país nos últimos anos.

Em entrevista ao Correio Nacional, o senador diz que o processo de pacificação "floresce na felicidade do povo". Segundo ele, o outro processo — referência ao bolsonarismo — só poderá "reflorescer na desgraça e na tristeza".

Para Rodrigues, conquistas como diminuição do desemprego, das taxas de juros, da inflação e dos preços dos alimentos permitirão ao governo dialogar com nichos mais conservadores, como policiais militares, evangélicos e empresários.

"A comunicação tem que chegar, eles vão perceber que ganham mais com um presidente da República que se preocupa em trabalhar", destaca.

 

Comemora

Apesar das dificuldades enfrentadas no Congresso, Rodrigues avalia que projetos de interesse do governo que foram aprovados são "dignos de comemorações", como nos casos da reforma tributária, o arcabouço fiscal e a taxação de fundos bilionários no exterior.

Tributária

Ressalta que a mudança no sistema de impostos é apenas a terceira que ocorre no Brasil, e a primeira durante a vigência de um regime democrático. Segundo ele, isso foi feito apesar do viés conservador do Congresso, "com nuances de reacionarismo fascista".

"Concessões menores que as de Bolsonaro", afirma

Sessão de promulgação da reforma tributária | Foto: Alan Santos/Câmara dos Deputados

O senador admite que foi necessário fazer concessões, que, segundo ele, foram menores que as promovidas durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL).

"O Congresso está mais poderoso, mas o custo do governo anterior foi maior. Bolsonaro instituiu o orçamento secreto, delegou a governança orçamentária para o Parlamento. Tínhamos um governante que ficava no picadeiro fazendo animações enquanto o Congresso governava", critica.

Na avaliação de Rodrigues, o período bolsonarista foi marcado pelo que chama de "presidencialismo por delegação". Afirma que o presidente Lula recuperou o "presidencialismo de coalizão" traçado na Constituição.

Emendas

Rodrigues minimiza o avanço de deputados e senadores na criação de emendas parlamentares de execução obrigatória. Diz que a base no Congresso conseguiu "conter a expansão" desse instrumento e garantir R$ 60 bilhões para o Plano de Aceleração do Crescimento.

PAC

Ele classifica a nova versão do PAC de "coluna vertebral" do governo Lula. Afirma também que os cortes nas verbas para o programa de obras, desviadas para emendas parlamentares, serão compensadas no próprio orçamento que, reconhece, não "é o ideal".

Identidade

O senador admite que o Congresso impôs derrotas, como no caso do marco temporal e que não há controle absoluto sobre o voto de parlamentares de partidos conservadores que ganharam ministérios. "Não posso pedir identidade política integral com o governo", frisa.

Superação

Para Rodrigues, é necessário ressaltar que não se trata de um governo de esquerda, mas de centro esquerda, que assumiu diante de uma ameaça de ruptura democrática: "Temos que compreender o momento histórico, de reconstrução e de superação da ameaça fascista".

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