Relator do projeto que anistia parte dos envolvidos no 8 de Janeiro, o senador Humberto Costa (PT-PE) indicou ao Correio Nacional que seu parecer será desfavorável. O caso está na Comissão de Defesa da Democracia.

Ele não antecipou seu relatório ao projeto apresentado pelo senador Hamilton Mourão (Republicanos-SP), mas questionou sua proposta de anistiar denunciados e condenados por dois crimes: Abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado.

Costa frisou que, entre os artigos que têm gerado condenações de acusados de envolvimento na intentona, esses são os que preveem penas mais pesadas, de até oito e doze anos de detenção, respectivamente. A eventual anistia permitiria a libertação de praticamente todos os condenados.

Primeiro condenado pelo Supremo Tribunal Federal no caso, Aécio Lúcio Costa Pereira, recebeu pena de 17 anos: 12 anos pelos dois crimes que Mourão quer anistiar e mais cinco anos por dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada.

Ao justificar a proposta, Mourão escreveu que as investigações não têm conseguido "individualizar as condutas praticadas por cada um dos manifestantes" — isto impediria a condenação nos crimes de pena mais pesada. "Isso é a leitura política dele", rebateu Costa.

Presente ao encontro, segunda-feira, da ex-senadora Marta Suplicy com Lula, o deputado Rui Falcão (PT-SP) disse que a ideia de convidá-la para ser candidata a vice-prefeita em São Paulo partiu do presidente. Contou que, "há tempos", recebeu de Lula a missão de sondar a ex-prefeita para compor a chapa que será encabeçada pelo deputado federal Guilherme Boulos (Psol).

Ex-prefeita de São Paulo quando era petista, Marta rompeu com o partido, votou pelo impeachment de Dilma Rousseff e ocupa — ou ocupava, até o início da noite de ontem — o cargo de Secretária de Relações da cidade. Sua O prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), tentará ser reeleito.

Ao escolher Marta, Lula repete a fórmula de temperar cabeça de chapa de esquerda com um conservador: fez isso com José Alencar (seu vice em 2002 e em 2006) e com Geraldo Alckmin (2022). A magia desandou com Michel Temer, que articulou a deposição de Dilma.

Alguns integrantes mais radicais do Psol não gostaram muito da mais do que provável companheira de chapa de Boulos. Mas, até ontem, ninguém havia feito uma crítica pública à escolha. A conquista da prefeitura é vista como um sinal de maturidade do partido.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), foi às redes sociais pedir ajuda ao ministro da Justiça em exercício, Ricardo Cappelli. Contou que o crime organizado exige R$ 500 mil para não impedir a obra de construção de um parque municipal em Piedade, no subúrbio.

O ex-deputado Miro Teixeira ressalta um gesto de Lula. Um dia depois do ato sobre o 8 de Janeiro, ele mudou a pauta: anunciou medidas de preservação da Amazônia e deu ao Exército responsabilidades no combate ao garimpo ilegal. "Distendeu a relação", resume.