Divergências em torno na disputa eleitoral, especialmente a paulistana, e a tentativa de ter algum controle sobre o radicalismo bolsonarista ajudam a explicar os elogios do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ao presidente Lula (PT). Em entrevista ao jornal O Diário, de Mogi das Cruzes, Costa Neto elogiou governos anteriores do petista e disse que ele tinha prestígio.

Bolsonaristas encheram as redes sociais de Costa Neto para criticá-lo e saíram em defesa da candidatura do deputado Ricardo Salles (PL), ex-ministro do Meio Ambiente, à prefeitura de São Paulo.

O presidente do partido quer a reeleição do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que, segundo ele, também tem o apoio de Bolsonaro. O ex-presidente, porém, já deu sinais de preferir Salles, mais afinado com suas ideias.

Em comentários, muitos bolsonaristas lembraram que Costa Neto foi aliado de Lula e viabilizou a candidatura de José Alencar a vice-presidente do petista em 2002 e 2006. Ressaltaram também que o dirigente foi condenado e preso por envolvimento no caso do Mensalão.

Em vídeo gravado no fim de semana, Bolsonaro, sem citar Costa Neto, afirmou que tivera um problema sério com "pessoa do partido" que dera "declarações absurdas" e elogiara Lula. Deu a entender que dissera para o aliado que, daquele jeito, ele implodiria o partido.

Parlamentares do PL ouvidos pelo Correio Nacional falaram em mudança entre o PL tradicional — partido do Centrão, sempre próximo do poder — e o atual, puxado pelo bolsonarismo. "Faz parte de uma transição tão brusca", disse um deles. O outro frisou que Costa Neto não pode desmerecer Bolsonaro: "O PL tem que ser plural", insistiu.

Para um terceiro político, o radicalismo bolsonarista ameaça dar sinais de cansaço e que há o risco de decisões judiciais contra ex-presidente, o que indicaria a necessidade de correção de rumos pelo partido.

Nas redes, Costa Neto se defendeu: diz que sua frase sobre Lula foi tirada de contexto e que sua palavra "não faz curva".

Ao instaurar inquérito para apurar supostos crimes cometidos por comandantes da Lava Jato, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, escreveu ter sido demonstrada a "plausibilidade de investigação de condutas, em tese, tipificadas como crime".

Na decisão, a que o Correio Nacional teve acesso, Toffoli determina que a Polícia Federal entregue mídias apresentadas pelo denunciante do caso, o ex-deputado Tony Garcia. Reitera a requisição, à Justiça Federal, de todos os processos relativos a Garcia.

Garcia afirma ter gravações que sustentariam sua acusação de que o então juiz Sérgio Moro o obrigou a produzir provas ilegais contra políticos e empresários. Isso, em troca de benefícios processuais — colaboração premiada — em caso em que ele estava envolvido.

A Polícia Federal quer que, além de Moro, sejam ouvidos a mulher dele, a deputada Rosângela Moro (União-SP), integrantes da Lava Jato, entre eles o ex-procurador Deltan Dallagnol. A juíza Gabriela Hardt, que substituiu Moro no caso, também deverá ser chamada.