Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO NACIONAL | Governistas reclamam de benesses aos 'filhos pródigos'

Governo Lula arregimenta deputados do PL | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A conversão de cerca de 30 deputados do PL tem gerado alegria ao Palácio do Planalto e irritação na base. Como na parábola do filho pródigo, parlamentares fiéis ao presidente Lula (PT) reclamam dos bezerros gordos oferecidos àqueles que haviam abandonado a tradição governista do PL para levar a vida em longínquas terras da oposição.

A entrega de uma diretoria da Caixa a um indicado por integrantes do partido de Jair Bolsonaro foi gota d'água para a revolta que ameaça ganhar dimensões bíblicas por parte dos que se queixam da falta até de cabritos magros na ceia e do limitado prestígio político.

Reclamam também que deputados do PL têm recebido até o triplo dos valores de emendas herdadas do antigo orçamento secreto, repaginado pelo governo petista.

 

Na encolha

Os tais deputados do PL continuam, oficialmente, na oposição: as indicações que fazem para cargos ocorrem de maneira discreta, mas poucos segredos são guardados no Congresso. Ano passado, 20 deles votaram pela reforma tributária, as traições devem ser maiores.

Jogo livre

O PL tem negado qualquer negociação com o governo, mas não interfere nos acertos. Preocupado com a repercussão de seus elogios ao ex-parceiro Lula, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, voltou a ressaltar as qualidades de Bolsonaro, seu atual aliado.

Pastor e deputado, Vieira concorda com fim de isenção

Integrante do Psol critica igrejas "super-ricas" | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Deputado federal pelo Psol, o pastor Henrique Vieira (RJ) discorda dos parlamentares evangélicos que têm criticado a decisão da Receita Federal de voltar a cobrar contribuições previdenciárias sobre parte da remuneração de religiosos.

Para ele, a isenção estabelecida no governo anterior é equivocada e favorece igrejas "super-ricas" que, sem o controle fiscal, têm maiores facilidades para manipular sua própria contabilidade e criar mecanismos para lavagem de dinheiro

Vieira defende que pastores que se dedicam integralmente às suas igrejas deveriam ter sua situação trabalhista regularizada, até para não caracterizar uma exploração de mão de obra.

Pequenas igrejas

O parlamentar, porém, ressalva que suas críticas não são dirigidas à maior parte das igrejas evangélicas do país, aquelas instaladas "em garagens alugadas", "onde há diversidade e trabalho voluntário". Seu foco, destaca, é nas grandes organizações religiosas.

Chantagem

Para Vieira, as reações ao fim da isenção de integrantes da bancada evangélica são exageradas e representam uma forma de chantagear o governo. "Eles não debatem a isenção, têm um modo de fazer política pouco interessado na sociedade brasileira", ressalta.

DIU vetado

O Hospital São Camilo, que não colocou um DIU em paciente por questões religiosas, recebeu, nos últimos seis anos, R$ 12,9 milhões do governo federal entre transferências, convênios, contratos e emendas parlamentares. Os dados são do Portal da Transparência.

Constituição

A Constituição diz que o planejamento familiar é uma decisão do casal e que compete ao Estado propiciar recursos para o exercício desse direito, "vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas". A colocação do DIU é oferecida pelo SUS.

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