Por: Fernando Molica

Correio Nacional | Ramagem orientou defesa de Flávio Bolsonaro

Deputado se reuniu com advogadas no Planalto | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em 25 de agosto de 2020, o então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, deu a advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) orientações sobre como deveriam agir no caso em que ele era acusado de participação em esquema de rachadinhas.

A conversa foi no Palácio do Planalto e dela também participaram Jair Bolsonaro e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. As advogadas suspeitavam de que havia, na Receita Federal, um esquema para prejudicar o senador.

No despacho divulgado ontem, em que autorizou busca e apreensão contra Ramagem e 11 suspeitos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, diz que investigações confirmaram que a Abin produziu relatórios para ajudar Flávio.

 

Três informes

O Correio Nacional apurou que a Abin produziu três (e não dois) informes que sugeriam caminhos para a anulação do processo contra o senador, filho do então presidente da República. Na época, a Abin negou que tivesse produzido os relatórios para orientar Flávio.

O autor

Em sua decisão, Moraes cita também que a PF confirmou que os informes foram feitos por Marcelo Bormevet. Policial federal, ele coordenava o Centro de Inteligência Nacional da Abin e foi exonerado dois dias depois da intentona de 8 de Janeiro de 2023.

Senador do PL chama operações de "espetaculosas"

Portinho diz não ter como avaliar o caso de Ramagem | Foto: Jefferson Rudy/Agência Seando

Horas depois de uma nova investida da PF contra um parlamentar de seu partido, o senador Carlos Portinho (RJ) disse que os dois casos lhe preocupavam e classificou as operações de "espetaculosas".

Frisou que os dois alvos — Ramagem e o deputado federal Carlos Jordy (RJ) — são pré-candidatos às prefeituras do Rio de Janeiro e de Niterói, respectivamente.

Ressalvou, porém, que não teria como abordar o mérito das suspeitas relacionadas ao ex-diretor da Abin — lembrou que ele já vinha sendo investigado desde o ano passado.

Para Portinho, as evidências contra Jordy não justificariam a busca e apreensão, principalmente em seu gabinete na Câmara dos Deputados.

Institucional

O senador afirmou que há uma questão institucional em jogo quando um poder (o Judiciário) intervém em outro (o Legislativo). Ele frisou a necessidade de os presidentes da Câmara (PP-AL) e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se posicionarem sobre o tema.

A hora da conta

Segundo ele, a ausência de uma posição mais firme pelos presidentes das duas casas legislativas é prejudicial a ambos e provoca mais reações por parte da oposição. "Uma hora a conta chega", observou, numa referência a outros parlamentares que podem ser atingidos.

Moro 1

Outra má notícia para o senador Sérgio Moro (União-PR), às voltas com o risco de cassação de seu mandato. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União quer que sejam apuradas supostas irregularidades cometidas pelo ex-juiz ao longo da Operação Jato.

Moro 2

Na representação ao TCU, o procurador Lucas Rocha Furtado cita que Moro teria agido com interesses políticos. Frisa que as decisões do então juiz teriam impedido que 11 empreiteiras e a Petrobras tenham deixado de faturar R$ 600 bilhões em contratos.

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