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CORREIO BASTIDORES | Lira fala em 2024, olha pra 2025 e projeta futuro

Lira: dificuldades para obter consensos | Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados

Na avaliação de quem conhece bem o Congresso Nacional, o discurso de Arthur Lira (PP-AL) na abertura do ano legislativo focou em 2024 mas mirou em 2025 — mais exatamente, na disputa por sua sucessão na Presidência da Câmara dos Deputados.

Como não pode mais concorrer ao cargo, Lira jogou para sua arquibancada, um jeito de tentar mostrar que ele ainda é o maior defensor dos interesses dos colegas junto ao Executivo. Assim, procura controlar o processo de lançamento de candidaturas.

Ao contrapor Congresso Nacional ao Palácio do Planalto, Lira procura esvaziar articulações do governo para ter no comando da Câmara alguém menos irredutível. É como se dissesse: vocês ficam com os seus ou vão passar pro lado deles?

 

Irritação

Os rapapés feitos por Lula nos últimos dias a Marcos Pereira (SP), primeiro vice-presidente da Câmara e candidatíssimo ao comando da Casa, aumentaram a irritação de Lira. A aliados, ele lembra que Pereira é presidente do Republicanos, que reúne muitos bolsonaristas.

Muy amigos

Entre os filiados ao Republicanos estão o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e os senadores Damares Alves (DF) e Hamilton Mourão (RS). O vereador Carlos Bolsonaro também é do partido, mas está de mudança para o PL, que abriga o resto da família.

PSB pula fora do bloco mas mantém dificuldades

Ciro e Cid Gomes: pedras no caminho de federação | Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Como a coluna antecipou, a bancada do PSB pulou fora da corda do bloco parlamentar organizado por Lira. O PDT ainda não decidiu se vai ou se fica, mas o movimento dos socialistas reforça a pressão sobre o presidente da Câmara dos Deputados.

Mas os dois partidos têm mais em comum do que a insatisfação com Lira e com o Planalto. Há décadas ameaçados pela hegemonia do PT na esquerda, eles têm pela frente o desafio de, mais uma vez, superarem a cláusula de barreira.

A formação de uma federação entre os dois seria um caminho natural, que acabou atrapalhado pela briga entre os esquentados irmãos Ciro e Cid Gomes — este trocou o PDT pelo PSB.

Barreiras

Em 2022, quando os critérios da cláusula eram menos rígidos, o PDT elegeu 17 deputados; o PSB, 14. Em 2026, para manter o fundo partidário e a propaganda eleitoral no rádio e na TV, cada partido precisa eleger 13 deputados ou conseguir 2,5% dos votos para a Câmara.

Pacificação

A decisão do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de recorrer da liminar que suspendeu multa de R$ 10,3 bilhões da J&F foi comemorada no Ministério Público Federal. Para procuradores da República, é mais uma atitude que aponta para uma pacificação na categoria.

Pra lá e pra cá

A disputa entre os defendiam e os que atacavam a Lava Jato gerou muitas brigas no MPF e ficou ainda mais evidente com a ascensão de Augusto Aras ao comando da PGR durante o governo de Jair Bolsonaro. Até agora, Gonet tem evitado assumir um lado.

Nomeação

Outro gesto de Gonet que foi bem visto foi a decisão de designar a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen para atuar no Superior Tribunal de Justiça em casos que envolvam governadores. Ela tinha sido a primeira colocada na lista tríplice da categoria para a PGR.

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