Programas dos cinco primeiros colocados na eleição, em 2020, para prefeito de Porto Alegre mostram que o risco de inundações não foi muito citado pelos candidatos.

Registrados na Justiça Eleitoral, os compromissos de Sebastião Melo (MDB), vencedor do pleito, ocupam 17 páginas e ignoram palavras como enchente e alagamento e chuva. "Drenagem" é mencionada uma vez, na parte dedicada ao saneamento. É dito que o tema, assim como questões relacionadas a água e esgoto, tem custos altos e que o tempo de obras é longo.

Quem mais tratou do assunto foi a segunda colocada, Manuela D'Ávila (PCdoB). Em seu programa de 24 páginas, a palavra "alagamentos" aparece cinco vezes; "drenagem", quatro.

O programa da candidata dedicou trecho com quatro itens ao tema "Drenagem urbana e alagamentos". Fala em resgatar o PAC de Prevenção e das Casas de Bombas e a realocação de financiamentos "já contratados e não executados para as obras de macrodrenagem".

Assinado em 2012, o contrato com o governo federal previa a destinação de R$ 121 milhões para obras de prevenção — segundo o site gaúcho Matinal, o então prefeito, Nelson Macherzan Júnior (PSDB), perdeu os prazos para efetivação de contratos, e o dinheiro não saiu.

Marchezan, que não conseguiu se reeleger (chegou em terceiro), falou, em seu programa de governo, em viabilizar "solução sustentável de longo prazo para o setor de Drenagem Pluvial Urbana do município, mitigando problemas associados a cheias e inundações".

A quarta colocada, Juliana Brizola (PDT), tratou do tema dos alagamentos de forma genérica, falou em "permanente atenção e adequação" ao plano de defesa da cidade contra as cheias, "com contínuo acompanhamento de suas condições operacionais e de expansão. Fernanda Melchiona (Psol) prometeu elaborar "plano de emergência contra desastres climáticos".

O Guaíba, de onde saiu a água da inundação, foi pouco lembrado. Candidatos mencionaram a importância de programas de despoluição e de revitalização de sua orla. Saúde, educação e segurança pública — tema do governo estadual — foram mais citados que as cheias.

Comandante da Aeronáutica no mandato de Jair Bolsonaro, o brigadeiro da reserva Carlos Baptista Junior não gostou do vídeo em que o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) agradece doações de antenas para internet feitas por Elon Musk ao Rio Grande do Sul.

O militar citou que o vídeo tinha sido, aparentemente, gravado na Base Aérea de Canoas, mas, mesmo assim, o parlamentar ignorou o papel das Forças Armadas no Sul. Perguntou se Van Hattem cumpria "ordem superior". No governo, o brigadeiro curtiu posts de viés golpista.

Botafoguense, o vereador Rafael Aloisio Freitas (PSD) quer tombar o muro em frente ao clube que exibe imagens de ídolos do Glorioso, ameaçado pelas obras do novo Canecão. Para ele, o muro "transcende qualquer compreensão urbanística ou arquitetônica".