Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Lira quer votar logo impostos para compras na China

Presidente da Câmara ainda tenta consenso | Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) tende a botar pra votar, nesta semana, a volta da cobrança de impostos federais sobre compras no exterior de até US$ 50 (R$ 255) mesmo se não houver acordo entre lideranças.

Como a coluna mostrou, a principal resistência vem do PT: mulher do presidente Lula, Janja da Silva faz campanha pesada pela rejeição da proposta. Avalia que a cobrança afetará a popularidade do governo em integrantes da classe média baixa, setor onde o bolsonarismo é muito forte.

Pressionada por entidades empresariais, a oposição tende a votar a favor do projeto, mas teme ficar com o ônus de bancar uma medida impopular. Há quem tema também um veto do presidente Lula à proposta.

 

Desemprego

Ex-secretário de Fazenda do Ceará, o deputado federal Mauro Benevides Filho (PDT-CE) defende a cobrança do imposto de importação. Para ele, impopular é o fato de que as compras feitas principalmente em lojas chinesas gerarem desemprego entre nós.

Consequência

Para Benevides Filho, é preciso explicar à população que o barato, neste caso, sai muito caro. Ao comprar algumas peças de roupas em lojas chinesas, a dona de casa gasta menos dinheiro, mas colabora para desempregar o irmão que trabalha no varejo.

Sebrae atribui queda no comércio às importações

Centro Comercial Internacional de Yiwu, na China | Foto: Ana Cristina Campos/Agência Brasil

O lobby pela implantação do imposto mobiliza grandes empresários. Eles têm entregue aos deputados informações que destacam o tamanho do problema e enfatizam a concorrência desleal, já que produtos e comerciantes brasileiros pagam impostos.

Pesquisa do Sebrae focada em pequenas empresas revela que, entre fevereiro deste ano e o de 2023, o faturamento da indústria cresceu 5%, mas no comércio varejista a queda chegou a 10%. Na avaliação de responsáveis pelo levamento, o impacto dos produtos importados com isenção de impostos federais, especialmente os chineses, explica o tombo.

Peso das taxas

Um estudo da Confederação Nacional do Comércio entregue a deputados revela que, sem a isenção dos impostos federais, as compras de até US$ 50 feitas por pessoas físicas sairiam bem mais caras — os produtos chegariam a custar entre 63% e 90% a mais para o consumidor.

Crescimento

Também segundo a CNC, essas importações subiram 11,4% nos sete primeiros meses de 2023 em relação ao mesmo período de 2022. Mais: 52% do faturamento do varejo no país ocorre com vendas de itens que custam até R$ 250,00, o que revela o peso da concorrência.

Secos

O BarraShoppingSul, de Porto Alegre, e o ParkShopping Canoas sairam ilesos das enchentes. O projeto de ambos levou em conta cheias ocorridas em cem anos — as construções ficaram em patamares mais elevados e um sistema de bloqueio de água foi instalado no solo.

Âncora

O projeto que inscreve o nome do marinheiro João Cândido no Livro de Heróis da Pátria deve ficar um tempo ancorado. Há, entre seus defensores, o medo de que a ideia seja torpedeada na Comissão de Constituição e Justiça, presidida pela bolsonarista Caroline de Toni.