Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | 'Imposto chinês' uniu petistas, Arthur Lira e Luciano Hang

Presidente da Câmara Lira conseguiu o apoio de Lula | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A articulação para a aprovação do "imposto chinês" reuniu aliados improváveis como o empresário Luciano Hang, expoente do bolsonarismo, lideranças petistas e integrantes de centrais sindicais.

Havia quase um consenso sobre a necessidade de cobrança de imposto de importação sobre compras de até US$ 50 (R$ 260) em sites estrangeiros, mas governo e oposição temiam aprovar uma medida impopular.

Na manhã de terça, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), conversou com o presidente Lula. Na reunião, Lira insistiu na necessidade do imposto para proteger a indústria nacional e preservar empregos — citou demissões em massa no Ceará e na Paraíba provocadas pela concorrência de produtos importados da China.

 

Consultas

Lula disse que não queria ser acusado de criar nova taxa e citou a necessidade de manter boas relações com a China, principal parceiro comercial do país. Mas afirmou que iria consultar os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil) e a Receita Federal.

Redução

Relator do projeto que incluía a taxação, Átila Lira (PP-PI), conversou com líderes petistas na Câmara sobre sua intenção de reduzir de 60% para 25% o imposto de importação para as compras de até US$ 50 — a proposta foi antecipada pela coluna na última segunda-feira.

Lula e Bolsonaro aceitaram argumentos de aliados

Empresário do setor de varejo convenceu Bolsonaro | Foto: Alan Santos/PR

Às 18h30, o Planalto comunicou a Lira que aceitaria a cobrança de 20%. O assunto foi levado a reunião de líderes e aprovado até pelo representante do PL, Altineu Côrtes (RJ). Horas antes, o ex-presidente Jair Bolsonaro postara que era contra qualquer nova taxação, mas, procurado por Hang, acabou aceitando a cobrança de 20%. Bolsonaro foi também convencido por aliados de que o ônus seria de Lula, que sancionará o projeto.

Na reunião foi decidido que haveria votação simbólica. Isso evitaria a exposição de deputados que aprovassem a proposta. Eliminaria também o risco de alguns votarem contra apenas para postar vídeos nas redes sociais.

Cochilo petista

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) aproveitou o cansaço de petistas para pautar e aprovar diminuição do controle de armas: frisou que o relatório era da governista Laura Carneiro (PSD-RJ). Atordoados com as derrotas de terça, eles aceitaram a votação simbólica.

Impacto

Empenhada em viabilizar a construção do estádio do Flamengo na região central do Rio, a prefeitura não tem um relatório sobre o impacto que a arena teria sobre o trânsito. Segundo o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), que articula a proposta, o estudo foi encomendado.

Trânsito pesado

O estádio, para 80 mil pessoas, ficaria em área onde há engarrafamentos, perto da Avenida Brasil, que dá acesso a rodovias e liga o Centro às zonas Norte e Oeste. O terreno é ao lado da rodoviária e de terminal de ônibus. A estação de metrô mais próxima fica a 1,8 quilômetro.

Adequações

Pedro Paulo disse que, no momento, o que se discute é a compra do terreno, que pertence à Caixa (o prefeito Eduardo Paes já admite desapropriá-lo). Segundo o deputado, serão feitas adequações caso o relatório conclua que o impacto no trânsito será muito ruim.