Por: Fernando Molica

CORREIO BASTIDORES | Petista: isolado, Centrão optou por pautas radicais

Zarattini diz que governo tem que negociar | Foto: Reprodução/Câmara dos Deputados.

Deputado federal desde 2007, Carlos Zarattini (PT-SP) avalia que a polarização entre bolsonarismo e petismo deixou o Centrão sem espaço político, o que colaborou para sua adesão à extrema direita.

Para ele, ao ficar imprensado, o grupo — marcado por não ter posturas ideológicas claras — assume posições mais conservadoras. "Eles acham que terão mais ganho eleitoral", conclui.

Zarattini diz que, diante de derrotas importantes, a negociação é a única alternativa para o governo. Isso inclui temas como a medida provisória que restringiu a compensação de PIS/Cofins e o projeto que proíbe delações premiadas de presos — mas ressalta que o Supremo Tribunal Federal já estabeleceu limites para essas colaborações.

 

Fogo no parque 1

Por falar em radicalização: a reunião de hoje entre líderes de partidos na Câmara promete ser bem animada. O governo deverá tentar evitar a inclusão na pauta do plenário de pedidos de urgência para o projeto das delações e o que restringe ainda mais o aborto.

Fogo no parque 2

De autoria de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o projeto equipara ao homicídio o aborto depois da 22ª semana de gestação, mesmo em caso de estupro. Outro tema será a possibilidade de punições para deputados que quase se engalfinharam semana passada.

Divergências mostram confusão no governo

Ministro é contra projetos polêmicos | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Os dois temas reforçam a bateção de cabeça no governo. Ontem, o ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, e o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), deram declarações contraditórias em relação aos projetos.

Padilha afirmou que, para o Planalto, as duas propostas não deveriam ser tratadas de forma prioritária, já que estimulariam as divergências e a violência política.

Guimarães, porém, disse que os assuntos não estavam relacionados ao governo e não quis adiantar uma posição.

O Planalto sabe que os dois projetos tendem a ser aprovados com muita facilidade na Câmara.

Chuva de ações

A coluna antecipou a chuva de ações contra a MP que trata da proibição do uso de créditos do PIS/Cofins para a quitação de impostos federais. Até o meio da tarde de ontem, pelo menos cinco mandados de segurança haviam sido impetrados na Justiça Federal.

Pare, agora

Entre os autores está a Pirelli, que protocolou ação em Campinas. A empresa, que exporta produtos como pneus e câmaras de ar, pede liminar que suspenda a validade da MP publicada na semana passada. Alega, entre outros pontos, que a medida onera as exportações.

Prazo

Os advogados da Pirelli pedem que a empresa possa compensar os créditos acumulados. Querem também que a MP não entre em vigor imediatamente, que respeite o prazo de noventa dias estabelecido pela Constituição para mudanças nas contribuições sociais

Requisitos

Fabricante de plásticos utilizados na agricultura, a Nortène também entrou com ação judicial. Fala em insegurança jurídica, reclama da mudança de regras da "noite para o dia" e afirma que a MP não atende aos requisitos constitucionais de "urgência e relevância".