Por: Fernando Molica

CORREIO BASTIDORES | Moraes pressiona Gonet ao tirar sigilo de inquérito

Ministro deu 15 dias para PGR decidir sobre Bolsonaro | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Ao retirar o sigilo da ação que investiga a venda de joias por Jair Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, deu um jeito de pressionar o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Para um procurador da República ouvido pela coluna, Moraes "criou um fato" para obrigar o PGR a se manifestar sobre o caso: em sua decisão, o ministro dá 15 dias para Gonet apresentar denúncias contra indiciados, arquivar o caso ou solicitar novas investigações.

Ao dar acesso público ao resultado das apurações, Moraes inviabiliza a eventual estratégia do PGR de se manifestar apenas depois das eleições municipais deste ano. Isto, para evitar ser acusado de interferir no processo eleitoral. Vai dar trabalho: só o inquérito da Polícia Federal tem 4.903 páginas.

 

Sem risco

"Ele (Moraes) não queria correr o risco de Gonet atrasar sua decisão. Agora, ele vai ter que se manifestar, fica difícil não fazer nada", diz o procurador. Ele ressalta que o PGR "não é de ficar enrolando", ou seja, deverá apresentar uma posição mais ou menos no prazo.

Fim de férias

Os 15 dias, frisa, são previstos previstos pelo Código de Processo Penal para os casos de réus soltos ou libertados por pagamento de fiança. O caso das joias é visto no Ministério Público Federal como o maior desafio enfrentado por Gonet até agora — ele voltou de férias ontem.

Moro liberou delação; caso Queiróz ficou parado no MP

Moro divulgou delação de Palocci dias antes da eleição | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Em 2018, seis dias antes do primeiro turno da eleição presidencial, o então juiz Sérgio Moro liberou a delação premiada do ex-ministro Antônio Palocci com acusações a petistas, entre eles, Lula. O conteúdo do depoimento havia sido rejeitado pelo MPF.

Em 3 de janeiro daquele mesmo ano, o Ministério Público do Rio recebeu o relatório do Coaf que apontava movimentações suspeitas na conta do então deputado Flávio Bolsonaro — o caso só viria a público em dezembro, depois da eleição.

Em 2020, o empresário Paulo Marinho afirmou que, para não prejudicar a eleição de Jair Bolsonaro dois anos antes, a PF adiado uma operação que envolvia Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio.

Votação 1

A votação, antes do recesso do Congresso, do segundo relatório que trata da regulamentação da reforma tributária ainda não estava definida até o início da noite de ontem. O deputado Mauro Benevides Filho (PDT-RJ) disse à coluna que o texto iria logo para o plenário.

Votação 2

Mas a decisão cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tinha anunciado a votação do primeiro relatório, que trata dos impostos em si. O segundo aborda o processo de distribuição das verbas e o Comitê Gestor que será criado. O recesso começa no dia 18.

Quatro vezes Lira

O controle de Lira sobre a Câmara é tamanho que, ontem, deputados divulgaram a presença dele em três reuniões às 18h: com o segundo grupo da reforma, ruralistas e líderes de partidos. Sua agenda, porém, previa uma conversa com empresários de comunicação.

Esquerda volver

As vitórias da esquerda no Reino Unido e na França assanharam alguns parlamentares do PT — acham que o comportamento dos eleitores nesses países indica uma possibilidade de o governo Lula assumir posições que consideram menos tímidas e mais avançadas.