Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Joias: segredo atrapalha versão do ex-presidente

Para Bolsonaro, presentes eram 'personalíssimos' | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Um criminalista e um integrante do Ministério Público Federal ouvidos pela coluna concordam: o segredo das transações de venda das joias recebidas pela Presidência da República atrapalha a tese da defesa de que se tratavam de itens "personalíssimos" entregues a Jair Bolsonaro (para advogados do ex-presidente, ele poderia dispor livremente dos presentes).

A decisão de negociar as peças antes da troca de governo reforça também a existência de pelo menos uma dúvida sobre a propriedade dos bens. "Se ele considerava que tudo era dele, poderia vender tudo abertamente, quando bem entendesse. Não precisaria de todas aquelas operações", argumenta o advogado. Para o procurador, os movimentos tendem a ajudar a convicção de que todo o procedimento foi ilegal.

 

Limites

Em 2016, o Tribunal de Contas da União admitiu a existência de presentes "personalíssimos" recebidos pelo presidente, mas listou bens de menor valor. Em 2021, uma portaria, que seria revogada por Bolsonaro, também estabeleceu limites para esses itens.

Temor

Parlamentares do PL evitam tratar das joias, mas, de maneira reservada, explicitam um temor: diferentemente da acusação de tentativa de golpe de Estado — algo mais abstrato —, o caso dos presentes é de fácil entedimento, e afeta a honestidade de Bolsonaro.

Para Gleisi, vitórias da esquerda são 'alvissareiras'

Presidente do PT diz que resultados "dão força" | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Como foi aqui citado ontem, as vitórias eleitorais de agremiações e coligações de esquerda no Reino Unido e na França animaram muita gente no PT. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR) disse à coluna classificar os resultados de "alvissareiros".

Para a deputada federal, as recentes disputas nos dois países europeus, a tentativa frustrada de golpe na Bolívia e o triunfo de Claudia Sheinbaum Pardo — também de esquerda — na disputa presidencial mexicana apontam um caminho.

"Isso mostra que a extrema direita não tem ofensiva total", comemora. Para ela, a combinaçao de todos esses fatos "dá alento e força para enfrentar o fascismo".

No cravo

Pré-candidato à reeleição, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), trata de administrar expectativas e cobranças dos bolsonaristas — muitos não gostaram de sua ausência no encontro da extrema direita em Balneário Camboriú (SC) no fim de semana.

Na ferradura

Como já cedeu a vaga de vice a um indicado pelo ex-presidente, tenta evitar um comprometimento ainda mais explícito com o bolsonarismo, até para não perder votos de eleitores de Lula. Segundo o Datafolha, entre os que votaram no petista, 17% preferem Nunes.

Bombeiro

O acordo com Bolsonaro será sacramentado até 5 de agosto, último dia para a realização de convenções partidárias. Até lá, Nunes tenta também evitar que o União Brasil cumpra a ameaça de apoiar Pablo Marçal (PRTB), o que daria tempo de TV ao influencer.

Bola pro lado

O apoio do União Brasil a Nunes passa pela garantia de que, eleito, o emedebista vai se empenhar para que o vereador Milton Leite continue a presidir a Câmara Municipal. O prefeito, porém, tem evitado assumir esse compromisso e procura adiar o acordo.