O crescimento do apresentador José Luiz Datena (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo fez a campanha de Guilherme Boulos (Psol) decidir explicitar ainda mais o apoio do presidente Lula e a presença de Marta Suplicy na chapa (é candidata a vice-prefeita).

Pesquisa Genial-Quaest mostrou que Datena lidera em dois segmentos decisivos: os mais pobres e os menos escolarizados. É também o preferido por 22% dos que, em 2022, votaram em Lula, o que complica a intenção de Boulos de herdar a grande maioria esses eleitores (tem 36% neste universo, segundo a pesquisa).

Lula e Marta, ex-prefeita com boa imagem na periferia, são vistos como os trunfos capazes de vencer a resistência de Boulos entre os mais pobres.

O apoio a Datena, que comandava programa focado em atividades policiais, indica a preocupação de eleitores com a segurança, outro desafio para Boulos. Sua atuação como líder de movimento dos sem teto é vista por muitos como compromisso com a desordem.

O fato de a esquerda ser identificada com uma suposta maior tolerância aos criminosos também reforça a preocupação e a busca do auxílio de Lula e de Marta. Os dois, segundo um integrante da campanha de Boulos, são vistos como bons gestores públicos.

Segundo a pesquisa, há um triplo empate técnico: o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), tem 20%; Boulos e Datena estão com 19%.

Outro ponto a ser reforçado pelos psolistas é a rejeição a Jair Bolsonaro (PL), apoiador de Nunes: apenas 20% dos entrevistados disseram que votariam num desconhecido indicado pelo ex-presidente, contra 29% que seguiriam a sugestão de Lula.

A pesquisa revela um desafio para o atual prefeito: evitar a rejeição de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, garantir o voto de seus simpatizantes (35% destes apoiam Nunes, mas 27% preferem Pablo Marçal, do PRTB).

Presidente do PSB, Carlos Siqueira diz que a entrada de Datena e de Marçal na disputa deixou a deputada Tabata Amaral, do seu partido, "um pouco espremida" (ela ficou com 5%). Afirma, porém, que ela poderá "fazer um excelente papel". "A gente não joga pra perder", ressalta.

Aliado de Lula (o vice-presidente Geraldo Alckmin é do PSB), Siqueira avalia que o governo deveria declarar que não reconhece o resultado da eleição na Venezuela. "O que se poderia esperar de uma eleição promovida por um governo ditatorial?", questiona.

E por falar em eleição: pesquisa nacional feita pelo e Ipespe encomendada pela Federação Brasileira de Bancos revela que apenas 36% dos eleitores ja escolheram seus candidatos a prefeito — 29% admitem que vão deixar a opção para os últimos dias da campanha.

Outro dado importante: 88% afirmaram ser favoráveis a punições para candidatos que divulgarem fake news ao longo da disputa. O percentual chega a 91% entre os que têm curso superior. O castigo mais defendido — por 52% — é a retirada do caluniador da disputa.