Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES| Nunes vê chantagem em declarações de Bolsonaro

Bolsonaro e Nunes: sorrisos ficaram no passado | Foto: Reprodução Twitter

Candidato à reeleição, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) avalia nos bastidores que as críticas que recebeu de Jair e Eduardo Bolsonaro são uma forma de chantagem para que eles conquistem mais espaço em sua campanha.

As declarações do ex-presidente e do deputado federal e o crescimento, detectado por pesquisas internas, da candidatura de Pablo Marçal (PRTB) tendem a inviabilizar a estratégia de Nunes de fugir da polarização nacional e de tentar usar baixos teores de bolsonarismo na campanha.

Na sexta, o prefeito conversou com Michelle, mulher de Bolsonaro, e aceitou a sugestão do governador Tarcísio Padilha de pedir ajuda ao deputado e influencer Nikolas Ferreira (PL-MG).

 

Camisa amarela

Aliado do bolsonarismo, Ferreira, a exemplo de Marçal, tem um discurso agressivo, domina bem as técnicas das redes sociais e tem uma linguagem próxima a grupos de jovens. Sua chegada, porém, vai obrigar Nunes a vestir de vez a camisa amarela.

Fora dos sonhos

Numa entrevista, Bolsonaro elogiu Marçal e disse que Nunes não era o candidato dos seus sonhos, mas iria ajudá-lo onde fosse possível. Eduardo reclamou que o prefeito tinha que dialogar mais com a direita e encampar teses como a crítica à legalização do aborto.

Boulos tentará evitar provocações de Marçal

Boulos: conselhos de Lula para driblar armadilhas | Foto: Ricardo Stucker/PR

O efeito Marçal também afetou a campanha do outro líder das pesquisas, Guilherme Boulos (Psol), alvo preferencial do empresário. Ele vai tentar seguir o conselho do presidente Lula (PT) para não cair em novas provocações do adversário.

Isso inclui não fazer perguntas a ele e nem responder aos seus questionamentos. Como disse, não pretende "rolar na lama" com Marçal.

Ao mesmo tempo, a campanha não quer deixar sem respostas acusações e o que classifica de fake news do candidato do PRTB. Ele e Nunes querem regras mais rígidas para os debates e avaliam diminuir a presença nesses eventos.

Menos compras

Pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo apurou que entre os que fazem apostas on-line, 63% disseram ter sua renda comprometida pela prática. Deles, 23% deixaram de adquirir roupas, 19% diminuiram deixaram de fazer compras em supermercados.

Jovens

A restrição ao consumo é maior entre os jovens, que apostam com mais frequência. Entre os pesquisados que tinham entre 18 e 24 anos, 28% afirmaram que o dinheiro usado em apostas os impediu de fazer alguma compra, contra 5% dos que têm entre 55 e 64 anos.

Mais pobres

A prevalência de jovens entre apostadores já havia sido detectada pela PwC Brasil com dados do Instituto Locomotiva — 54% dos que tentam a sorte têm entre 18 e 30 anos (eles representam 25% da população brasileira). Entre os que apostam, 40% são das classes D e E.

Perdas

Entre os pesquisados que apostam, 60% disseram, no ano passado, que já perderam mais dinheiro do que ganharam com este tipo de prática e 23% afirmaram que tiveram lucro. Detalhe importante: quem consegue ganhar usa boa parte do dinheiro para fazer novas apostas.