Além de apontar um crescimento de cinco pontos de Pablo Marçal (PRTB), a pesquisa AtlasIntel sobre a corrida eleitoral em São Paulo aponta um ponto mais preocupante para o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição: a liderança do empresário em setores identificados com Jair Bolsonaro.

Entre os evangélicos, Marçal aparece com 36,8% das intenções de voto, contra 23% de Nunes. Há um empate técnico, com vantagem para o empresário, no grupo formado por quem votou em Bolsonaro no segundo turno de 2022: 41,8% a 38,6%.

Os eleitores do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também demonstraram preferir o ex-coach em relação ao prefeito: 47,2% contra 39,5%.

A pesquisa indica a necessidade de Nunes radicalizar suas falas para buscar identificação com bolsonaristas. Mas o levantamento reforçou a rejeição do ex-presidente entre os paulistanos: 62% disseram ter uma imagem negativa dele (o índice do presidente Lula foi de 51%).

Líder da pesquisa, com 28,5% das intenções de voto, Guilherme Boulos (Psol) é superado por Nunes (segundo colocado, com 21,8%) com muita vantagem entre os mais pobres e menos escolarizados — 40,1% a 17,3% e 43,9% a 14%, respectivamente.

As brigas nos dois primeiros debates parecem ter aumentado a radicalização entre os eleitores. Entre a pesquisa anterior e a atual aumentou o número de entrevistados que, nas simulações de segundo turno, declararam não saber quem escolher ou que optariam pelo voto nulo ou em branco.

Subiu de 16% para 22% o percentual de quem não votaria nem em Boulos nem em Nunes caso ambos venham a passar para a segunda fase. Numa disputa entre Boulos e Marçal, este índice ficaria em 26% (era de 21%).

A pesquisa mostra que Tabata Amaral (PSB) seria forte concorrente no segundo turno, o problema é chegar lá (está com 12%).

O fantasma do voto útil começa a assombrar a campanha de Tarcísio Motta (Psol), candidato à prefeitura do Rio. Alguns eleitores de esquerda começaram a postar em redes sociais que votarão no prefeito Eduardo Paes (PSD) para evitar um segundo turno.

Na última pesquisa Genial/Quaest, em julho, Paes apareceu com 49% das intenções de voto contra 13% de Ramagem, apoiado por Jair Bolsonaro. Tarcísio ficou em terceiro, com 7%. O PT se aliou ao prefeito, mas uma ala do partido decidiu ficar com o psolista.

Ao projetar que a alíquota do futuro imposto único deverá ficar em 28% — não nos 26,5% previstos —, a equipe econômica provocou um novo debate sobre a reforma tributária. O índice aumentou graças às benesses concedidas pela Câmara dos Deputados.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) diz que voltará a votar contra a reforma. Ressalta que as pressões setoriais por reduções pontuais na alíquota acabam gerando um aumento do percentual que valerá para o resto da sociedade. "Não sei porque aprovaram isso", lamenta.