Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Impasse abre caminho para 'azarão' na Câmara

Hugo Motta, citado como eventual candidato | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

A ausência de um claro favorito para a presidência da Câmara e a demora de Arthur Lira (PP-AL) em anunciar o nome de seu preferido para sucedê-lo aumentaram o burburinho em torno de um azarão, o deputado Hugo Motta (PB), líder do Republicanos.

Apesar de jovem — tem 34 anos —, Motta está no seu quarto mandato de deputado federal e tem bom trânsito entre praticamente todos os partidos. Seu maior problema está no Republicanos: o presidente da legenda, Marcos Pereira (SP), não abre mão de sua candidatura ao cargo.

Na terça, Pereira se reuniu com outros deputados — entre eles, Motta e Antonio Brito (PSD-BA), também candidato à presidência — para reforçar o próprio nome.

 

Preferido

Elmar Nascimento (União-BA) permanece como a indicação mais provável de Lira, mas ontem à tarde, deputados não se arriscavam a bancar o favoritismo. Um experimente parlamentar disse à coluna, que, diante do impasse, um quarto nome seria uma solução.

Incerteza

Este deputado ressaltou que a manutenção dos três nomes (Pereira, Brito e Nascimento) abriria caminho para lançamentos de outros candidatos: do PL bolsonarista, do MDB (Isnaldo Bulhões Jr.) e do Psol, o que tornaria a disputa ainda mais incerta e fora do controle de Lira.

Lira se reúne com líderes em busca de um nome

Presidente da Câmara quer evitar derrota | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente da Câmara passou boa parte do dia de ontem reunido com líderes partidários para tentar encontrar um consenso. Ao longo dos últimos meses, Lira negou que fosse indicar Nascimento apenas por ser seu amigo — afirmou que seu favorito seria aquele que demonstrasse ter maior apoio entre os colegas.

Lira havia se comprometido a divulgar seu indicado até o fim deste mês; depois, revelou que o anúncio poderia ser antecipado. A demora mostra que, acima de tudo, ele quer evitar uma derrota e escapar da sina que se abateu sobre antecessores como Rodrigo Maia (que nem tentou se reeleger deputado) e Eduardo Cunha.

Copos

A pesquisa Quaest para a prefeitura de São Paulo revelou um cenário delicado mas não desesperador para Ricardo Nunes (MDB). O copo de Pablo Marçal (PRTB) encheu (cresceu sete pontos), mas o do prefeito ficou praticamente igual, oscilou um ponto para baixo.

Esperança na TV

O empate, na avaliação de um aliado, indica que a situação não está perdida. Avalia que o início da campanha na TV permitirá a Nunes reforçar sua ligação com Jair Bolsonaro e conserguir segurar a ascensão de Marçal. O coach não terá horário de propaganda no rádio e TV.

Prioridade

Nunes queria evitar uma identificação excessiva com o ex-presidente para não se contaminar com sua rejeição. O crescimento de Marçal — que continua à frente entre os eleitores de Bolsonaro — mudou tudo. O importante agora é passar para o segundo turno.

Censura

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e o juiz Guilherme Kellner impediram que dois acusados de crimes (Filipe Martins e Luiz Carlos Efigênio Pacheco, respectivamente) dessem entrevistas para a Folha de S.Paulo. O nome disso é censura.