A troca de gentilezas entre a família Bolsonaro e Pablo Marçal só não representa um afastamento do clã em relação a Ricardo Nunes (MDB) porque o ex-presidente e o prefeito paulistano, candidato à reeleição, nunca tiveram qualquer proximidade pessoal ou política.

Até pela diferença de estilos, perfis e visões de mundo, os dois já mantinham poucos contatos. As articulações políticas sempre passaram pela mediação de um aliado em comum, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Apesar do apoio formal de Jair Bolsonaro a Nunes e da imposição do amigo Mello Araújo (PL), coronel da reserva da PM, para o cargo de vice-prefeito, o bolsonarismo não tem poder na definição dos rumos da campanha.

Ex-ministro de Bolsonaro, Fabio Wajngarten integrou o processo de reeleição de Nunes, comandado pelo presidente do MDB, Baleia Rossi, e do ex-governador Rodrigo Garcia. Mas a suspeita de que tenha vazado dados para a imprensa fez com que ele se afastasse.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) avalia que o crescimento de Marçal e sua reaproximação com o ex-presidente reafirmam um princípio: "No nosso Brasil ainda polarizado mais do que nunca política tem lado", ressalta. Nunes tentou moderar o bolsonarismo na campanha.

A comparação entre as pesquisas feitas pelo Datafolha na segunda e na penúltima semana de agosto mostra uma situação delicada para Nunes: uma tendência de queda na intenções de voto entre os mais pobres e os menos escolarizados. A equipe do emedebista sempre contou com uma boa vitória nos bairros periféricos, uma consequências de obras e serviços da prefeitura e da atuação de vereadores de 12 partidos.

Mas a última pesquisa mostrou um triplo empate entre ele, Guilherme Boulos e Marçal, todos com 18%. Na anterior, eles tinham, respectivamente, 24%, 14% e 11% — ou seja, os adversários do prefeito subiram, e ele caiu.

Nunes continua líder entre os 20% dos que têm ensino fundamental, mas oscilou de 28% para 25% no grupo. Boulos subiu de 13% para 18%, enquanto que Marçal foi de 10% para 8%. O coach lidera entre os que chegaram ao ensino médio: passou de 16% para 26%.

Nos últimos 12 meses, a loja virtual de Pablo Marçal foi alvo de 583 queixas no site Reclame Aqui. Muitos consumidores se queixam de produtos não recebidos e de dificuldade de receber dinheiro de volta (um dos consumidores reclamou de um curso vendido por R$ 15 mil).

Em respostas, a equipe do empresário alega que muitos consumidores foram enganados e fizeram compras em sites piratas. Em outros casos, promete entrar em contato com o queixoso. No Reclame Aqui, a loja tem cotação regular, com nota média de 6,7 em um ano.

Alexandre Ramagem (PL), candidato à prefeitura do Rio, não entendeu que, na era dos cortes e da internet, é preciso ter cuidado com cada frase e com a ironia. Viralizou a fala em que, no programa de TV, ele diz: "Vamos mostrar que, dessa vez, nós, os otários, vamos vencer".