A quase unanimidade em torno da candidatura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara é resultado de um processo que incluiu interesses regionais, dificuldades de Arthur Lira (PP-AL) e uma discreta participação do Palácio do Planalto.

Como a coluna antecipou no último dia 29, a dificuldade de se encontrar um consenso entre os três principais candidatos favorecia o lançamento de Motta — seu maior obstáculo, porém, era a resistência de Marcos Pereira (SP), presidente do seu partido, de desistir de suceder Lira.

Pereira esbarrou no presidente do PSD, Gilberto Kassab, que não quis fortalecer Pereira que, apesar de aliado, tem com seu partido uma disputa direta em São Paulo.

Kassab, porém, deve aceitar Motta: espera que a decisão seja bem digerida por seu correligionário Antonio Brito (BA), que também quer o posto. O presidente do PSD está de olho na vaga de vice-governador caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) se candidate à reeleição.

A aliança em torno de um candidato a presidente da Câmara começou a tomar forma quando Republicamos, PSD, Podemos e MDB se uniram, no ano passado, para formar um bloco que chegou a se constituir na maior bancada da Câmara. Lira não gostou da iniciativa.

Ao referendar Motta, Lira comprou uma briga com o amigo Elmar Nascimento (União-BA), que era seu favorito para a própria sucessão. O preterido não escondeu sua decepção ao perder a vaga que lhe parecia garantida. Vê no Planalto uma das fontes de ter sido descartado — o governo atuou mesmo para evitar sua indicação.

Lira, porém, preferiu uma solução política que lhe permitisse manter algum controle sobre a eleição para a presidente da Casa, em fevereiro de 2025. Apesaer dos seus 34 anos, Motta está no quarto mandato de deputado federal e tem bom trânsito entre os partidos: ontem, conversou com Lula e com Jair Bolsonaro.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) voltou a cobrar do Ministério da Fazenda uma regulamentação que limite os horários de propaganda das bets nas TVs. Afirmou que, se o governo não fizer nada, o Congresso vai tratar do tema. "Do jeito que está, não dá", diz.

O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, foi de carona de Roma à ilha grega de Mykonos, onde, na terça, o amigo e cantor Gusttavo Lima comemorou aniversário. Viajou no jatinho do empresário Fernando Oliveira Lima, o "Fernandin OIG".

A OIG, empresa de Fernandin, afirma atuar no ambiente digital, na venda de anúncios e no desenvolvimento de games. O grupo entrou com um pedido no governo federal para poder participar do mercado de apostas virtuais, quer virar uma nova bet.

Na festa também estava presente José André da Rocha, dono da casa de apostas Vai de Bet, que teve a prisão decretada pela Justiça no caso que envolve a advogada Deolane Bezerra. A coluna perguntou ao STF se Marques conhece o empresário e aguarda resposta.