O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), será o grande favorecido pela eventual vitória de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição para a prefeitura de São Paulo.

Mais do que Jair Bolsonaro (PL), que vacilou para entrar na campanha e chegou a tratar de pacificar a relação com Pablo Marçal (PRTB), Tarcísio foi decisivo na recuperação de Nunes nas pesquisas.

O ex-presidente passou a falar mais de seu apoio ao prefeito só depois da divulgação da última pesquisa do Datafolha.

Diferentemente de Bolsonaro, Tarcísio não cogitou em passar a apoiar Marçal nem quando este cresceu muito nas pesquisas. O empresário é seu eventual futuro adversário numa disputa à Presidência da República.

Tarcísio também insistiu para que Nunes procurasse fugir da polarização nacional e focasse a campanha em suas realizações. Ao aproximar o prefeito do ex-presidente, conseguiu evitar também o lançamento de um candidato que representasse o bolsonarismo raiz.

A entrada de Bolsonaro na campanha faz com que Nunes volte a se preocupar em dosar a busca do voto dos seguidores do ex-presidente com a necessidade de não assustar eleitores moderados, avessos ao radicalismo. Estes serão decisivos no segundo turno.

Ao devolver a denúncia do promotor Alexandre Murilo Graça — que mandara arquivar suspeitas de prática de "rachadinhas" contra o vereador Carlos Bolsonaro —, o juiz Thales Venancio Braga criou um barata-voa dentro do Ministério Público do Rio.

Para um procurador ouvido pela coluna, o magistrado deveria, em caso de discordância em relação à denúncia, encaminhá-la a Procurador-Geral de Justiça, a quem caberia examiná-la.

Braga, porém, determinou a restituição dos autos para o MP para "ciência, esclarecimento, inclusive se há peças faltantes nos autos". Isto indicaria uma devoluçao para Graça.

Em sua decisão, o juiz aponta inconsistências, contradições e omissão de provas na denúncia encaminhada pelo MP. O promotor acusou sete funcionários do gabinete de Carlos de participação no esquema, mas não viu evidências contra o vereador e 25 funcionários.

Entre os beneficiados pelos arquivamentos estão Ana Cristina Siqueira Valle, uma das ex-mulheres de Jair Bolsonaro, e quatro parentes. Fabrício José Carlos de Queiroz, também ex-funcionário do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro, é outro na lista.

Em sua decisão, o juiz cita, entre outros pontos, a não investigação sobre o responsável pelo pagamento, por nove anos, de boletos de planos de saúde de Carlos. Frisa que a permissão para a existência de funcionários fantasmas em seu gabinete caracterizaria peculato.

Procurado pelo Correio Bastidores, o MPRJ informou não ter sido informado oficialmente da decisão. Disse que, dependendo do despacho, o caso poderá voltar para a promotoria que ofereceu a denúncia ou ser encaminhado para a Procuradoria-Geral de Justiça.