Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Boulos segura ligação de Nunes com Bolsonaro

Apoio do ex-presidente será mais citado depois | Foto: Reprodução/SBT

Candidato a prefeito de São Paulo pelo Psol, Guilherme Boulos quer deixar para um eventual segundo turno a ênfase na vinculação de Ricardo Nunes (MDB) ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O motivo é simples: na atual fase da disputa eleitoral, reforçar a ligação entre os dois teria o potencial de tirar votos bolsonaristas de Pablo Marçal (PRTB) e de levá-los para o emedebista.

Todas as pesquisas mostram que Boulos, hoje, perderia numa disputa direta contra o atual prefeito, mas ganharia de Marçal. Esse é um dos motivos para o psolista centrar fogo em Nunes.

Já num segundo turno, Boulos reforçará o apoio de Bolsonaro ao prefeito — isto, para tentar transferir para o adversário a rejeição ao ex-presidente.

 

Ausência

No debate promovido pelo SBT, Boulos falou no presidente Lula e na companheira de chapa, Marta Suplicy. Mas não citou Bolsonaro nem ao frisar que Nunes mudara de posição em relação à obrigatoriedade da vacinação contra a Covid talvez por influência de aliados.

Vacina

O tema da vacina será bem explorado pelo psolista: pesquisas qualitativas detectaram uma reprovação às novas falas do prefeito. Boulos também vai insistir na suposta vilência doméstica cometida por Nunes: percebeu que ele fica tenso quando o tema é abordado.

Exemplo de Ramagem preocupa campanha do MDB

Bolsonaro leva votos e rejeição para aliado | Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Detectada pelo Datafolha, a disparada da rejeição do bolsonarista Alexandre Ramagem, candidato do PL à prefeitura carioca, alegrou Boulos e preocupou Nunes.

O reforço da associação do delegado da Polícia Federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ao ex-presidente coincidiu com sua ascensão em duas semanas — ganhou seis pontos (passou de 11 para 17).

O problema é que sua rejeição aumentou oito pontos: o índice dos que não votariam nele subiu de 29% para 37%.

Na capital fluminense, diferentemente do que ocorreu na paulista, Bolsonaro ganhou de Lula em 2022.

Mudança de pele

A mudança de postura de Marçal, que reduziu muito seus ataques no SBT, gerou, nas campanhas, a dúvida sobre se ele, assim, conseguirá sua rejeição. Nunes, que disputa votos na mesma faixa, torce para que o eleitor não aceite a versão cordeiro do lobo dos debates.

Calado

Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) decidiu não se manifestar sobre a prisão de Glauber Braga (Psol-RJ), seu adversário. O parlamentar foi detido ao tentar impedir a atuação da PM na Uerj: deputados só podem ser presos em flagrante em caso de crime inafiançável.

Barroso escapou

Compromissos em Nova York impediram que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, testemunhasse in loco, na sexta-feira, o conflito que se seguiu à entrada da PM para expulsar alunos que ocupavam o principal prédio da Uerj.

Professor

Ex-aluno da Uerj e seu professor titular, Barroso vai todas as sextas ao campus para dar aulas de direito constitucional. A última vez que a PM entrou num campus carioca foi em 1968, quando alunos da UFRJ foram detidos e levados para o então estádio do Botafogo.