Presidente do PSB, Carlos Siqueira não quer nem ouvir falar na possibilidade de o partido concordar o chamado voto útil em São Paulo: eleitores de Tabata Amaral migrariam para Guilherme Boulos (Psol). Isso, para tentar garantir a presença de um candidato de esquerda no segundo turno.

Na última pesquisa Quaest, ela ficou com 11% das intenções de voto; o psolista, com 23%.

"O voto útil é inaceitável, a eleição em dois turnos existe para que cada um ofereça suas propostas", protesta Siqueira.

Para ele, a eventual presença de dois candidatos de direita — Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) — na fase decisiva da disputa não justifica uma desistência de Tabata. "O eleitor escolheu, 'tá' escolhido", afirma.

Ele ressalta que a candidata tem crescido (tinha 8% na pesquisa anterior) e que o percentual de indecisos (6%) mantém a possibilidade de ela chegar no segundo turno. "O partido tem que manter a esperança", disse. Siqueira classificou de excelente a performance de Tabata.

O dirigente prevê que o PSB conquistará, "por baixo", entre 230 e 250 prefeituras (em 2020, foi vitorioso em 252 cidades). "Muita gente diz que vamos ganhar mais prefeituras", ressaltou. Em Recife, o candidato do PSB à reeleição, João Campos, tem 75% na Quaest.

Embora não fale abertamente em voto útil, Boulos tem feito movimentos nessa direção. Reclamou de críticas que Tabata fez a ele em debates, frisou que ambos pertencem ao mesmo campo político.

Na segunda, um manifesto de artistas e intelectuais pede o voto em Boulos já no primeiro turno para evitar que Nunes e Marçal sejam vitoriosos.

Entre os apoiadores estão Carla Camuratti, Denise Fraga, Lilia e Luiz Schwarcz.

Outro documento que também começou a circular esta semana defende a opção por Tabata.

Na lista de signatários estão o economista Armínio Fraga, Luciano Huck, Marcos Palmeira e KondZilla.

O bom desempenho de Tabata em debates e seu crescimento em pesquisas levantaram uma questão na campanha de Boulos: como tentar contê-la sem gerar mágoas que comprometam seu apoio num eventual segundo turno. A conferir amanhã, no debate da Globo.

A equipe do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), decidiu submetê-lo a uma nova e intensa rodada de treinamentos. Tudo para evitar que amanhã ele volte a ter um desempenho muito ruim, como o que apresentou no debate promovido pela Folha e pelo Uol.

Serão três rodadas de simulação de confrontos. A primeira foi ontem; as próximas ocorrerão hoje e amanhã. Há um consenso na equipe de que faltou preparação para que ele encarasse um formato diferenciado de debate como o de segunda-feira passada.

Assessores tentam convencer Nunes da necessidade de ele ter uma resposta pronta caso volte a ser questionado sobre o boletim de ocorrência, por agressão doméstica, que sua mulher registrou em 2011. O prefeito demonstra ter um bloqueio ao tratar do assunto.