O debate de hoje na Globo, o último do primeiro turno, promete apresentar uma nova disputa, entre Guilherme Boulos (Psol) e Tabata Amaral (PSB). Irritada com a campanha pelo voto útil no psolista e animada com as pesquisas, a deputada passou a mirar em Boulos.

A coluna apurou que o candidato do Psol não pretende forçar um confronto com ela, mas reagirá caso seja provocado.

Entre alianos de Boulos, há a convicção de que Tabata foi poupada ao longo da campanha, pelos candidatos e pela imprensa. Alguns manifestam irritação pelo fato de ela ter sido convidada para o debate, segunda passada, da Folha de S.Paulo e do UOL — as regras previam a presença apenas dos três primeiros colocados na pesquisa Datafolha.

Há o temor de que o crescimento de Tabata na disputa pela prefeitura paulistana impeça o aumento da votação de Boulos, o que poderia favorecer Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB). Eles dividem a liderança das pesquisas com o psolista.

Pesquisas diárias feitas por telefone — os chamados trackings — pela campanha de Nunes (MDB) indicam que Tabata e Marçal subiram na preferência dos eleitores nos últimos dias. Já o emedebista e Boulos teriam ficado parados nas mesmas posições.

Apesar da distância para os líderes, Tabata (com 11% pela Qauest) se baseia num precedente para ter esperança. Em 2018, na véspera do primeiro turno da eleição para governador, Márcio França (PSB) estava em terceiro lugar segundo o Ibope, com 14% das intenções de voto (18%) dos válidos.

Nas urnas, chegou em segundo lugar, com 21,53% das preferências. França perderia por João Dória no segundo turno por 3,5 pontos percentuais.

Candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada pelo psolista, Marta Suplicy curtiu uma postagem em que a adversária ironizava a pregação do voto útil. A curtida foi retirada no meio da tarde.

Apesar do acirramento da disputa, a campanha de Boulos diz que ele tem certeza da ida para o segundo turno e luta para garantir o primeiro lugar. Amanhã, ele fará uma live com artistas e influenciadores; no sábado, fará caminhada pela manhã com o presidente Lula.

A coluna conversou com um político bolsonarista que esteve, terça, no jantar promovido pelo deputado Ricardo Salles (Novo-SP) em torno de Marçal. Ele reclamou de o encontro ter sido vazado para a imprensa, mas não escondeu a simpatia pelo candidato do PRTB.

Segundo ele, Marçal, e não Ricardo Nunes, é que representa os verdadeiros valores da direita. Ele pediu para não ser identificado por temer retaliações, mas foi claro ao declarar seu voto no coach. "A direita mais nova já está com ele, a velha é que tem medo", disse.

O político destacou o fato de Marçal ter enriquecido fora da máquina do estado o que, segundo ele, garantiria sua independência e sua honestidade. Ex-ministro de Jair Bolsonaro, Salles tentou se candidatar a prefeito com o apoio do ex-chefe, mas o PL fechou com Nunes.