Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES: A questão de Boulos: nacionalizar ou não

Boulos com Marta Suplicy, sua candidata a vice | Foto: Leandro Paiva/@leandropaivac

Os 57,62% de votos que resultam da soma dos obtidos por Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) e o bom desempenho de candidatos conservadores pelo país geraram uma dúvida para Guilherme Boulos (Psol): a validade de, no segundo turno, enfatizar a ligação do emedebista com Jair Bolsonaro.

O psolista decidira deixar para a etapa final da eleição para a prefeitura de São Paulo a associação entre Nunes e o ex-presidente. Isto, para não levar votos bolsonaristas para o emedebista, já que preferia enfrentar Marçal.

No segundo turno, usaria a rejeição ao ex-presidente para nacionalizar a disputa. Diante do que se viu nas urnas, a estratégia será rediscutida. Ontem, ele já enfatizou a discussão municipal.

 

Colaborações

A campanha de Nunes ressalta dois fatores decisivos para a vitória apertada: a divulgação, por Marçal, de um falso atestado médico contra Boulos e o pedido de Bolsonaro para que seus simpatizantes votassem no emedebista para evitar a vitória da "extrema esquerda".

Prejuízo duplo

Aliados de Boulos concordam que o documento fraudado — desmentido horas depois de divulgado — foi prejudicial para Marçal, mas também para o psolista. Avaliam que muita gente menos ligada nos jornais acreditou na história de uso de cocaína pelo deputado.

Vitorioso, Centrão desfaz a rima da polarização

Gilberto Kassab, presidente do PSD | Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O resultado do primeiro turno mostrou a força do Centrão, que reúne partidos de tendência conservadora mas que estão sempre a postos para participar de governos à esquerda ou à direita.

Oito dos dez prefeitos eleitos no primeiro turno são MDB, União Brasil, PSD e Republicanos.

O PL venceu com vantagem a disputa particular com o PT — está na briga do segundo turno em dez capitais; o partido de Lula, apenas em quatro (em nenhuma chegou em primeiro lugar).

A exemplo do que ocorreu em 2020, os petistas correm o risco de não conseguirem ganhar em nenhuma capital, nem mesmo no Nordeste.

Vitoriosos

Dois filhos de Bolsonaro — Carlos e Jair Renan — foram os candidatos a vereador mais votados, respectivamente, no Rio de Janeiro e em Balneário Camboriú (SC). 0 02 recebeu 130.480 votos, mais do que os 129.344 de Tarcísio Motta, candidato do Psol à prefeitura carioca.

Derrotado

Mas Renato, irmão do ex-presidente, foi derrotado na disputa pela prefeitura de Registro (SP). Ele teve 29,82% dos votos: o vencedor, Renato Moreira (PSD), recebeu 55,73%. Em setembro, Jair foi à cidade apoiar o caçula que, como os sobrinhos, concorreu pelo PL.

Helder na frente

Governador do Pará, Helder Barbalho ganhou pontos na disputa interna pelo comando do MDB — outro cacique é o senador Renan Calheiros (AL). Seu candidato à prefeitura de Belém, Igor Normando, vai com vantagem para o segundo turno, recebeu 44,89% dos votos.

Atropelado

Apoiado por Calheiros, Rafael Brito teve apenas 12,74% dos votos em Maceió, foi atropelado por JHC, do PL, reeleito com 83,25% das preferências. Pra piorar, o prefeito, apesar de algumas rusgas recentes, é próximo do maior inimigo do senador, Arthur Lira (PP-AL).