Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Ricardo Nunes discute o que fazer com Bolsonaro

Prefeito com o bolsonarista Fabio Wajngarten | Foto: Divulgação/Campanha Ricardo Nunes

Aliados de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição a prefeito de São Paulo, voltaram a discutir um tema recorrente desde o início da campanha: como usar Jair Bolsonaro na fase final da disputa.

Há o temor de que a vinculação excessiva do ex-presidente a Nunes cole no prefeito a imagem de radical e diminua a percepção de que ele é um político equilibrado — algo que, no primeiro turno, foi reforçado pela atuação de Pablo Marçal (PRTB). Pesquisas também mostraram que a maioria dos eleitores não votaria em candidato apoiado por Bolsonaro.

Nunes quer e precisa dos eleitores bolsonaristas, mas há quem defenda que, como seu adversário é Guilherme Boulos (Psol), esses votos irão naturalmente para o emedebista.

 

Mistério

Ex-integrante do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten é um dos que insistem na maior presença do amigo. Mas há outro porém: ninguém sabe se o ex-presidente vai querer participar de maneira efetiva da campanha de Nunes ou se fará como no primeiro turno.

Normalidade

A eliminação de Marçal gerou, entre os aliados de Nunes, uma sensação de alívio e a perspectiva de uma disputa normal no segundo turno. Uma campanha entre representantes da direita e da esquerda sem as rasteiras e as surpresas aplicadas pelo coach.

Guilherme Boulos descarta limitação de debates

Candidato do Psol topa até nove confrontos | Foto: Leandro Paiva/ @leandropaivac

Boulos nem quer saber da proposta de Nunes de reduzir para três os debates no segundo turno — há convites para a realização de 12 encontros (foram 11 no primeiro turno).

O psolista fala na realização de oito ou nove confrontos — quer esquentar uma disputa que Nunes pretende manter o mais gelada possível. Por ser prefeito, é alvo mais fácil e, além disso, espera ficar com quase a totalidade dos votos de Marçal.

Boulos conta com a divisão igualitária do tempo de TV (no primeiro turno, Nunes tinha 65% do espaço) e tentará se mostrar como candidato que representa a revolta e o protesto, algo incorporado por Marçal.

'Extremista'

Vereadora mais votada do PT carioca, Tainá de Paula classificou, em entrevista à CBN, o Psol de "extrema esquerda" e que não tenta ser uma alternativa de poder. Ela criticou a decisão do partido de lançar candidato à prefeitura do Rio — o PT apoiou Eduardo Paes (PSD).

Não comenta

Em São Paulo, o PT abriu mão de lançar candidato para apoiar Boulos (indicou a vice, Marta Suplicy). Aliados do psolista avaliaram que as críticas não influenciarão a disputa; a campanha decidiu não se pronunciar. Tainá integrou o secretariado de Eduardo Paes.

Rivalidade

As críticas de Tainá reforçaram a desconfiança de que o PT não entrou inteiro na campanha de Boulos — o apoio foi decidido, principalmente, pelo presidente Lula. Entre alguns petistas há o temor de que o Psol, caso vitorioso em São Paulo, vire seu rival na esquerda.

Mais com menos

E por falar na esquerda. Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira comemora a eleição, pelo partido, de 309 prefeitos — entre eles, o de Recife (PE), João Campos, que foi reeleito. E ressalta que o PT, "com cinco vezes mais recursos", elegeu uma quantidade menor — 248.