A eventual vitória de Ricardo Nunes em São Paulo representará um marco no MDB: nunca um candidato do partido conquistou nas urnas o cargo de prefeito da maior cidade brasileira.

Nunes chegou à prefeitura com a morte, em 2021, de Bruno Covas (PSDB) (o emedebista era o vice do tucano). Avô de Bruno, Mário Covas era do então PMDB quando foi prefeito, entre 1983 e 1985. Na época, porém, não havia eleições diretas para os administradores das capitais dos estados, que eram indicados pelos governadores.

O MDB tem chances de conquistar duas outras prefeituras importantes no próximo domingo: Belém (PA) e Porto Alegre (RS). Isso representaria um fortalecimento de seu presidente, Baleia Rossi.

Nada indica, porém, que Baleia tentará voos maiores — pelo menos, nos próximos anos. Derrotado em 2001 por Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, ele deverá atuar mais nos bastidores: é o principal nome da campanha de Nunes.

A questão é saber se, em 2026, o MDB vai entrar pesado na disputa presidencial ou se tentará indicar o vice-presidente da chapa a ser encabeçada por Lula ou por um outro petista. Governador do Pará, Helder Barbalho é o nome mais falado para as duas situações.

Integrantes da equipe de Boulos dedicaram as duas últimas semanas à produção de material contra a gestão de Nunes.

No alvo estão acusações de irregularidades em creches e em contratos emergenciais, feitos sem licitação.

Ontem, o psolista afirmou, em sabatina do UOL, que iria publicar as supostas irregularidades no horário de propaganda eleitoral, mas evitou entrar em detalhes.

A campanha do atual prefeito tem conseguido sucessivas vitórias contra Boulos na Justiça Eleitoral — alega que, na TV e nas redes sociais, ele tem divulgado acusações inverídicas. A propagada oficial termina na sexta.

Boulos anunciou que, ao longo desta semana, dormirá em casas de cidadãos paulistanos — todas ficam em áreas periféricas da cidade e são de eleitores do psolista, mas não de militantes do partido. Dois assessores foram escalados para acompanhá-lo na maratona.

A pergunta que não quer calar: quando que Nunes viu tantas crianças brincando à noite na Praça da Sé? A declaração, repetida no debate da Record, irritou até mesmo integrantes de sua campanha. O centro da cidade é um lugar perigoso, principalmente à noite.

Para não deixar dúvidas sobre seu engajamento na campanha para sua própria sucessão na presidência da Câmara, Arthur Lira carregou seu escolhido, Hugo Motta (Republicanos-PB), para um evento em São Paulo. A disputa promete ser bem acirrada.

Ontem, um cidadão de fala espanhola distribuiu entre torcedores do Botafogo panfletos que ofereciam viagem para a decisão da Libertadores, em Buenos Aires. O pacote (no valor de R$ 5,5 mil) foi alardeado aos que buscavam ingressos para o jogo contra o Peñarol.