Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Rogério Marinho entre o rochedo e o mar

Senador tem bom trânsito nas duas alas do PL | Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Senador pelo Rio Grande do Norte e secretário-geral do PL, Rogério Marinho é visto como uma eventual ponte entre o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e Jair Bolsonaro. A eleição evidenciou as divergências entre as duas alas, a político-pragmática e a ideológica-bolsonarista.

Ainda no primeiro turno, o ex-presidente da República lançou a possibilidade de o filho Eduardo Bolsonaro assumir a presidência do PL, que foi descartado por Costa Neto — ele sequer admite entregar ao deputado o comando da Fundação Álvaro Valle, dedicada, em tese, à formação de quadros.

O motivo é simples: pela lei, as fundações partidárias recebem 20% do fundo partidário, o que correspondeu a cerca de R$ 40 milhões em 2023.

 

O dono

Costa Neto diz que Bolsonaro é o grande responsável pelo aumento da arrecadação do partido, proporcional ao número de deputados federais. Mas não aceita dividir poder.Assim, Marinho faria o papel de conciliador, mas sem herdar a presidência do PL.

Amigo

A ala bolsonarista cobra a saída de deputados denunciados pela Procuradoria-Geral da República por suposto desvio de emendas parlamentares. Mas, entre eles, está Josimar Maranhãozinho (PL-MA), amigo de Costa Neto, que já foi condenado e preso por corrupção.

Nunes teme abstenção desejada por Boulos

Jair Bolsonaro com RIcardo Nunes em São Paulo | Foto: Divulgação/Campanha do MDB

Uma abstenção de eleitores de Pablo Marçal é o grande pesadelo do prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição. Já Guilherme Boulos (Psol) não esconde que conta com uma eventual falta de entusiasmo de quem apostou no coach.

Pesquisas indicam que a grande maioria dos que optaram por Marçal agora prefere Nunes. A ausência de parte deste contingente tende, portanto, a favorecer o psolista.

Em 2020, ainda na pandemia, a abstenção cresceu 1,52 ponto percentual entre o primeiro e o segundo turnos. Na rodada final, 2.769.179 eleitores não apareceram para votar, 30,81% do total.

Bolsonaro

O almoço de ontem de Nunes com Bolsonaro foi uma tentativa de garantir o apoio de entusiastas do ex-presidente que não votaram no emedebista. Mas há o medo de que a veiculação intensiva de imagens do encontro abale sua imagem de equilíbrio do prefeito.

Volta olímpica

Entre aliados de Nunes, a participação de Bolsonaro no fim da campanha continua a ser vista como oportunismo, uma forma de tentar colar em quem está na frente das pesquisas. A falta de entusiasmo do ex-presidente no curto discurso de ontem também é ressaltada.

Igualdade

Relator do Orçamento, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) negou à coluna que pretenda estabelecer um critério proporcional ao número de deputados federais de cada estado para a distribuição de emendas de bancadas. Segundo ele, isso não será alterado.

Redução

Ele ressaltou que o fundamental será diminuir o número anual desse tipo de emendas — de 30 para dez — e determinar que o dinheiro seja empregado em obras chamadas de estruturantes, como viadutos, estradas e hospitais. E a decisão terá que ser tomada em conjunto.