Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | O presente de grego de Bolsonaro para Nunes

Prefeito discursa em evento com ex-presidente | Foto: Divulgação/Campanha do MDB

Integrantes da campanha de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição para prefeito de São Paulo, atribuem ao almoço dele com Jair Bolsonaro (PL) a diminuição de sua vantagem sobre Guilherme Boulos (Psol).

Segundo o Datafolha, a diferença caiu de 18 para 14 pontos em uma semana, o que ainda garante uma boa folga para o emedebista.

Para aliados, o encontro de terça teve dois grandes problemas: evidenciou a falta de empatia entre o ex-presidente e Nunes e reforçou a não adesão do prefeito a cláusulas pétras do bolsonarismo, como a afirmação de que, em 2022, houve fraude no processo eleitoral.

Além disso, uma aproximação com Bolsonaro tende a ser rejeitada por eleitores menos radicais.

 

Desnecessário

O almoço foi considerado desnecessário na campanha, já que a grande maioria de ex-eleitores de Bolsonaro (84%, segundo o Datafolha) já votava em Nunes (apenas 6% em Boulos). O emedebista ainda tem 26% dos votos dos que preferiram o petista em 2022.

Laços

O encontro só ocorreu pela necessidade de o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) melhorar a relação com Bolsonaro — este teme que o aliado seja candidato ao Planalto em 2026. Tarcísio volta e meia precisa reafirmar seus laços com o bolsonarismo.

O risco de Boulos ao aceitar convite de Marçal

Coach provoca psolista durante debate no primeiro turno | Foto: Reprodução

A decisão de Boulos de participar, hoje, desabatina comandada pelo ex-adversário Pablo Marçal é como o momento em que, atrás de um gol salvador, o goleiro do time que perde vai pra área adversária.

Há chance de ele conseguir marcar, mas também é grande a possibilidade de ele tomar bola nas costas.

Isso, principalmente pelo risco de seu gesto ser considerado uma espécie de perdão a Marçal, que chegou a divulgar um laudo falso sobre uso de drogas pelo psolista.

Na época, Boulos pediu a prisão do adversário, não determinada pela Justiça. Antes dissera que ele não poderia ser "normalizado"

Radical

A sabatina é vista na campanha do psolista como uma tentativa radical de ele conseguir votos de eleitores do coach. O Datafolha confirmou que a grande maioria dos que optaram pelo candidato do PRTB — 74% — declara que irá votar em Nunes. Boulos fica com 11%.

Demora

Aliados de Boulos lamentam que a campanha tenha demorado a encontrar um caminho no segundo turno. Avaliam que a decisão de dormir em casas de eleitores e realização de debates no meio da rua renderam muito bem e deveriam ter sido adotadas antes.

Ônibus

O medo da abstenção fez com que Nunes determinasse que, domingo, dia da eleição, a maior parte da frota de ônibus em São Paulo seja colocada nas ruas. A campanha de Boulos teme, porém, uma oferta reduzida nas áreas em que ele ganhou no primeiro turno.

Palco iluminado

O debate de hoje na Globo vai repetir a fórmula de encontros usados em eleição presidencial já adotada pela emissora e usada também pela Band na atual campanha. Os candidatos vão poder andar pelo palco e terão que administrar o próprio tempo.