A anistia para golpistas não desperta entusiasmo ou açodamento nem mesmo entre partidos do Centrão próximos ao PL de Jair Bolsonaro.

Há em alguns desses partidos a percepção de que o assunto deve ser examinado com muito cuidado e sem pressa.

Há a avaliação de que sequer caberia conceder anistia antes da condenação de todos os denunciados pelo 8 de Janeiro.

Há a desconfiança de que, ao insistir na tecla da concessão da medida antes dos julgamentos, o PL mira na criação de uma nova crise com o Supremo Tribunal Federal.

A lógica é simples: o STF consideraria inconstitucional anistiar não condenados, o que permitiria aos bolsonaristas espalharem que são vítimas de nova perseguição judicial.

A decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de retirar o projeto de anistia da Comissão de Constituição e Justiça, presidida pela bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC), tem sido vista como outro sinal de que o Centrão não quer comprar brigas de graça.

A ida de Bolsonaro ao Senado para trocar apoio nas eleições para as mesas do Congresso por compromisso com a anistia apressou o apoio do PT à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) ao comando da Câmara. Agora, a adesão do PL já não vale tanto assim.

Em retribuição ao compromisso com a candidatura de Motta, o PT ficará com a primeira-secretaria da Mesa, responsável por atos administrativos.

O partido do presidente Lula negociou também a indicação do próximo ministro do Tribunal de Contas da União.

Pelo que diz Marcos Pereira, presidente do Republicanos, não há decisão fechada em torno de um nome que venha a ser apoiado pelo PT, mas foi assegurada a participação do partido nas conversas.

A escolha para o TCU só vai rolar em fevereiro de 2026 — praticamente amanhã para políticos. O tribunal assessora o Legislativo e examina as contas do governo federal.

O calendário de políticos nunca é exato: 2016 é logo ali para tratar de TCU, mas muito longe para discutir a eventual posição do Republicanos na eleição presidencial. Pereira diz que o assunto só vai ser encarado depois das escolhas das mesas da Câmara e do Senado.

Pereira afirmou não ter entendido a razão da crítica feita pelo senador Ciro Nogueira (PI) ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Aliado de Bolsonaro, o presidente do PP disse que Tarcísio estava deixando a desejar na articulação política.

"Não conversei com o Ciro, mas acho que ele está querendo fazer uma graça com o Bolsonaro", comentou Pereira. O senador tem insistido na possibilidade de o ex-presidente, hoje inelegível, voltar a disputar o Palácio do Planalto na eleição de 2026.

Um amigo da coluna recebeu, pelo número oficial do Whatsapp do Itaú, mensagem sobre falha em compra com cartão. O texto solicitava um clique para resolver o problema. A vítima ligou pra agência, soube que era golpe — pilantras falseiam a origem das mensagens